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Por Marina Teixeira, Especial
Conheci Marina Khorosh em uma dessas passadas pela timeline do Facebook. Como se vestir para um encontro como uma parisiense, era o título do artigo da Vogue americana, que acompanhava a foto da autora do texto, uma mulher bonita em uma echarpe verde, sentada em frente a um desses cafés de Paris que você reconhece à primeira vista, mesmo que nunca tenha visitado. Quinze minutos depois, eu já tinha lido todos os textos de Marina.
Formada em Publicidade e Marketing pelo Fashion Institute of Technology e com um mestrado em mercado de luxo no Institut Français de la Mode, a nova-iorquina de 30 anos se encontrou mesmo foi na escrita. Dona de uma empresa própria, que desenvolve estratégias digitais através de narrativas para marcas de luxo, como Dior e Bottega Veneta, Marina também contribui para vários veículos falando sobre moda, beleza e relacionamentos - além da Vogue, da qual é colaboradora fixa, também o Daily Mail.
Mas a conversa que mantém com suas leitoras vai além de estilo: são relatos divertidos e realistas, com muita (auto)ironia, sobre experiências próprias de assuntos universais: mudança de cidade, trabalho, amores e desamores, encontros na era dos apps de relacionamentos e por aí vai. A impressão imediata foi a de que Marina é uma Carrie Bradshaw - personagem da série Sex and the City - da vida real, trazendo um escapismo ao tratar de temas do cotidiano.
No mundo sobre o qual Marina escreve, o maior problema político é dar match em um cara bonitinho no Tinder e descobrir, durante um drink, que ele votou em Donald Trump. Os artigos definem a vida de uma mulher moderna, cosmopolita e livre, que faz o que quer, mas não sabe o que quer. E por mais que a maioria trate de situações desastrosas, a sensação que fica é: "Puxa, eu queria ter vivido isso". Talvez, por este motivo, Marina diga que, tratando-se de personagens ficcionais, ela está mais para Bridget Jones do que para Carrie Bradshaw.
Se na Vogue seus textos tratam mais sobre o estilo de vida da mulher francesa, Marina também tem um blog chamado DBag Dating (Namorando Babacas, em tradução livre), onde relata com mais liberdade suas desventuras amorosas do tempo em que viveu em Paris, de 2012 a 2015. Sobre o período, descreve: "Eu imaginava caminhadas ao longo do Sena, pitorescos finais de semana na Normandia (...). Ao invés disso, tudo o que eu tive foi uma sequência de axilas sujas, cenouras congeladas e hipsters franceses gritando comigo por recusar consumar nossa recente conexão nos colchões sem lençóis de seus apartamentos de 20 metros". Seus relatos de encontros malsucedidos na capital do amor deixavam os amigos de boca aberta. Um dia, ela decidiu botar no papel uma de suas histórias, e foi assim que seus primeiros posts nasceram.
Com encontros com o sexo oposto que mais parecem experiências antropológicas, o assunto não acaba nunca. Em um papo por e-mail com ela, de Marina para Marina, perguntei qual era o caso mais esquisito vivido:
- Conheci um cara em Miami durante o Art Basel (uma das maiores feiras de arte do mundo). Nós nos demos bem, ele se ofereceu para me visitar em Paris. Pensei que seria um final de semana romântico, exceto que ele parecia mais interessado em consumir todo o álcool disponível na cidade do que em me conhecer. Acabei tendo que carregar o corpo mole dele por cinco lances de escadas até o meu apartamento, onde ele desmaiou no sofá. Os roncos ecoavam pelos cômodos - conta.
No entanto, Marina defende que não há lugar melhor do que Paris para quem quer férias surpreendentes no quesito amoroso. Com uma dica:
- Chegue sem expectativas, se acomode num terraço e deixe a vida acontecer.
Entre relatos e reflexões, a recente passagem dos 20 para os 30 anos tem sido um tema recorrente nas publicações do DBag Dating. É hora também de não só olhar para o passado, mas imaginar o que o futuro reserva:
- Talvez eu não seja casada com dois filhos e não tenha um apartamento espaçoso, mas conquistei outras coisas que não imaginava. Morei fora, tenho uma família e amigos incríveis, e o mais importante, estou numa posição feliz e tranquila que vem com o fato de trabalhar com o que amo.
O que ela diria para a Marina do passado, então?
- Eu diria para ela relaxar e parar de pensar demais em tudo. Ao invés disso, use creme para os olhos e durma mais.
Sobre os planos para a nova década de sua vida, a escritora diz que não gosta de se apressar, mas um livro engraçado de memórias e relacionamentos seria uma extensão natural de seu trabalho. Fã de autores como Joan Didion e David Sedaris e de poetas russos como Pushkin e Lermontov, tem conceitos como o humor e o amor sempre presentes em sua escrita.
E, por falar em amor, será que alguém que já passou por tantas intempéries no quesito ainda mantém uma visão otimista sobre o assunto?
- O amor está por aí - acredita. - Nós, seres humanos, sempre vamos precisar de amor para superar o caos do universo. Claro, o cenário saturado de hoje torna um pouco mais difícil começar um relacionamento sério, mas se você tiver paciência e focar em você mesma, tudo vai acontecer - conclui.
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