Viver na bagunça estressa. A japonesa Marie Kondo, autora de livros de organização (e um tanto de terapia por meio de boas energias) que somam mais de 5 milhões de exemplares vendidos, é a estrela de Ordem na Casa, série de oito episódios lançada pela Netflix. Para quem é fã de A Mágica da Arrumação, ver a doce Marie interagindo com famílias que depositam no rearranjo da casa a solução para problemas paralelos é interessante.
Porém, quem ainda não está acostumado com as técnicas da consultora pode achar estranha a ideia de “sentir a energia das peças” para decidir o que fica ou não no cômodo. Tudo precisa fazer um sentido para permanecer na casa: levar a tão falada “alegria para a pessoa”, como Marie repete inúmeras vezes no decorrer dos capítulos.
Cada episódio conta com uma história diferente, com duração que varia dos 35 aos 47 minutos, e segue um roteiro bem parecido: as pessoas se apresentam, contam suas angústias, Marie passa as dicas e as tarefas de cada um e depois a emoção toma conta devido aos objetivos alcançados. Ordem na Casa não chega a ter o carisma dos fabulosos apresentadores de Queer Eye e tampouco argumenta com tanta propriedade a arte do desapego quanto um documentário como Minimalism, mas pode ser um passatempo. Soa estranha a presença da tradutora ao lado de Kondo, mas a japonesa é meiga e ganha crédito.
A série fica mais como uma aposta para que o espectador se identifique com as pessoas que recebem Marie: o casal com filhos pequenos que ensaia uma crise, uma dupla que está casada há 42 anos e quer reciclar a morada e a relação e, ainda, uma família que se mudou de cidade há um ano e meio e ainda não se sente em casa. Como ponto comum, todos alcançam a alegria de um lar e uma cabeça em ordem.
Dicas valiosas
• Uma das sugestões interessantes refere-se à questão das roupas. Formar uma pilha com todas as peças gera um necessário desconforto na pessoa. A experiência de perceber o quanto se tem ajuda na decisão de escolher o que vai embora.
• Algumas ideias para dobrar roupas e guardar itens em caixas valem para inspirar (até o famigerado lençol de elástico é lembrado no terceiro episódio). Mas, para quem quer aprender de fato as técnicas, os vídeos do YouTube e os livros são mais eficientes.
• Revise todas as fotografias da casa – e siga o mesmo método usado para as roupas: elas precisam trazer recordações boas. Marie conta que, ao tirá-las de uma caixa e passá-las para um álbum, as boas lembranças daqueles momentos são ainda mais eternizadas.
• Antes de iniciar o processo de desapego, faça a pergunta: “Eu quero levar essa peça para o meu futuro?”. E, muito importante: sempre agradeça a um objeto que você decidiu descartar. Todos são parte de sua história.