Não é exagero dizer que esta casa foi planejada a várias mãos. Para a arquiteta Ana Beatriz Peterlongo Franciosi, conceber o projeto de interiores da residência no bairro Ponta Grossa, na Capital, foram necessárias muitas reuniões, dezenas de e-mails e horas a fio de pesquisa. Era um sonho de família. Hoje é uma casa de família.
- Eles sempre me abasteceram por meio de referências. A troca permitiu criar tudo o que sempre quiseram - diz a profissional.
A mudança definitiva de um imóvel na Zona Norte para o extremo sul de Porto Alegre começou a ser gestada anos atrás, quando a viuvez deixou a médica com quatro filhos adolescentes. A antiga churrasqueira e o chalé mantidos no terreno de 1,5 mil metros quadrados onde a família se reunia nos fins de semana viraram o destino permanente para o recomeço.
E não foi só isso. O terreno ganhou a companhia de uma casa com 361 metros quadrados, projeto das arquitetas Deise Valim e Jeane Sofia, da Plano A Arquitetura.
- A integração com a paisagem local era fundamental, preservando e, ao mesmo tempo, contrapondo-se ao chalé, que tem valor sentimental para eles - afirma Deise.
Construída com dois andares, a residência manteve a disposição convencional de área social no primeiro andar e íntima no segundo. Após o hall, um iluminado corredor com panos de vidro conduz até o living de 48,51 metros quadrados de área. Separado em dois ambientes - estar com TV (a única da casa, exigência dos moradores) e com lareira - o layout do cômodo foi definido a partir do teto.
- Aproveitei as vigas arquitetônicas para demarcar essas duas áreas e, no meio deles, a da circulação - detalha Ana Beatriz.
No piso, o porcelanato que imita madeira imbuia assentado tipo escama de peixe serve de base para a marcenaria sob medida com acabamento em lâmina natural de louro.
- Para tirar partido do pé-direito de 3,50cm, trabalhei com armários até o teto. No mobiliário, peças clássicas e confortáveis fazem do local o ponto de encontro familiar ao pé da lareira ou do home-theater - finaliza.
A volta para a casa nunca foi tão prazerosa.
Universo particular
Na área íntima da casa, o projeto segue a linha clássica e tradicional do living, mas com o toque pessoal dos respectivos donos. A construção ganhou, no segundo andar, quatro suítes, uma para a dona da casa e para cada um dos três filhos mais jovens, já que o primogênito ficou no antigo chalé, privilégio de filho mais velho.
Ficou definido que todas as camas seriam de casal tamanho padrão e o piso da área, o mesmo do andar inferior, porcelanato que imita imbuia, mas assentado de forma linear.
Nos quartos delas (o da mãe, acima), ficou claro que o estilo estava definido, uma vez que as peças soltas estavam compradas.
- Com base nesses móveis (mesa de trabalho, cadeiras de descanso, manequins de ferro, penteadeiras e recamier), parti para a definição do layout e, depois, dos tecidos dos revestimentos - diz Ana Beatriz Peterlongo Franciosi, arquiteta autora do projeto de interiores.
Já nos cômodos deles, a preocupação foi trabalhar com uma ambientação masculina, mas também jovial, por meio de cor e versatilidade.
Uma particularidade chama a atenção: nenhum dormitório tem TV - exigência deles - porém, todos têm bancada de estudo com espaço para livros, demonstrando que a leitura está presente nos hábitos da família.