Não é fácil encontrar uma brecha na agenda de Sabrina Sato. Ainda mais no período que antecede o Carnaval. Nessa época, a apresentadora de TV, garota-propaganda e presença VIP disputada encara uma intensa maratona de treinos e ensaios como madrinha de bateria de duas escolas de samba – a Gaviões da Fiel, de São Paulo, que desfilaria nesta sexta, e a Vila Isabel, que integra a segunda noite do Grupo Especial do Rio, na segunda-feira.– Esta é a época de que mais gosto, espero o ano inteiro por esse momento – contou a “japa” por e-mail.
Esta foi a segunda etapa da entrevista, iniciada por telefone há duas semanas. Depois de remarcarmos o papo por quatro vezes por conta da correria dos últimos dias, uma Sabrina bem-humorada e falante atendeu à ligação, desculpou-se pela agenda superlotada e, com aquele jeitão que seu público bem conhece, engatou o papo. Até ter de interrompê-lo por conta de outro compromisso, com a promessa de seguir por e-mail. Essa é a rotina diária, ainda mais às vésperas do Carnaval, quando ela fica direto na ponte-aérea Rio–São Paulo. Mas Sabrina não se queixa. Ao fazer um balanço de sua trajetória, destaca que tudo o que conquistou até hoje foi fruto de muito esforço:
– Sempre tive comprometimento com meu trabalho. Perdi muitos casamentos, muitas festas, eventos de família e amigos. Trabalho todos os dias da minha vida.
Sabrina, 35 anos, despontou para o público como outros aspirantes a famosos que vemos aparecer e, tão rápido quanto, sumir por aí. De dançarina do Domingão do Faustão, engatou uma passagem pelo Big Brother Brasil, em 2003 – com direito a um namoro que fez muita gente confundir o reality show com novela, e posou para a Playboy. Mas, ao contrário de tantos outros, foi além. Com o corpo sarado, o jeito espontâneo e muita determinação, ela havia chegado à TV para ficar. Depois de 10 anos no time do Pânico, hoje na Band, alçou voo solo no Programa da Sabrina na Record. E encerrou 2015 como a celebridade mais comentada do ano, de acordo com o ranking da PR Newswire, que realiza serviços de medição e monitoramento de notícias.
– Sempre trabalhei demais, estudei dobrado, me dediquei muito para realizar meus sonhos. É claro que com minha família sempre junto, não sou nada sem eles e sem meus amigos – afirma Sabrina, destacando a importância do papel dos pais, que são psicólogos, e da irmã, advogada. – Tenho uma equipe que trabalha comigo, uma grande estrutura que me ajuda demais da conta, e isto foi essencial para realizar o que queria e não parar nunca. Para mim, todas as vitórias são importantes. Desde o BBB até o Pânico.
Os mais de 10 anos que fiquei lá foram de muito aprendizado.
No Pânico, Sabrina moldou sua imagem como uma garota sem frescuras, disposta a enfrentar desafios. Entre suas peripécias, encarou um tratamento de canal sem anestesia e uma corrida de avestruz. À frente do Programa da Sabrina, ainda se mostra como a menina de Penápolis, no interior paulista, que carrega o sotaque no “r” e sabe rir de si mesma.
– Nunca pensei se ia funcionar ou não. Sempre fiz as coisas que vinham do meu coração. Mas tudo na minha vida foi de forma natural e espontânea, nada foi pensado – reforça.
Já o visual foi, sim, cuidadosamente aprimorado. Há seis anos, Sabrina conta com a parceria do requisitado personal stylist Yan Acioli. Ficaram no passado os brincos de pena e os vestidos meio hippies da fase BBB e os biquínis micro da época do Pânico. Com sapatos e bolsas de grife no closet, ela passou a frequentar listas das mais bem-vestidas, com direito até a convite para o concorrido
desfile da maison francesa Louis Vuitton, em Paris.
– Antigamente, colocava a roupa que queria, brincava com isso, e de certa forma causava. Hoje, a gente sabe a repercussão que causa dependendo da roupa que se usa. Tomo mais cuidado, vou aprendendo – explica.
Para se preparar
Desde o fim do namoro com João Vicente de Castro, ator e roteirista do Porta dos Fundos e integrante do Papo de Segunda, do GNT, Sabrina está solteira. E comemora:
– Estou amando essa fase para me conhecer melhor, entender o que gosto de fazer sozinha e focar na minha carreira. Penso o tempo todo no programa, em como melhorar cada dia mais.
A julgar pela agenda de Sabrina, esta não parece ser uma frase de efeito.
Abre alas para a japa
Na noite de segunda-feira, Sabrina vai pisar pela sexta vez na Marquês de Sapucaí como rainha de bateria da escola Vila Isabel. Hoje, será madrinha da Gaviões da Fiel no Carnaval paulista, agremiação para a qual samba pela 12ª vez. Apaixonada por Carnaval, ela não economiza no treino para estar com tudo em cima no grande dia das suas escolas do coração.
– O sentimento quando piso na avenida é inexplicável! Ver que as pessoas estão emocionadas, cantando o samba-enredo é simplesmente maravilhoso. Todo ano é uma experiência diferente, é sempre uma honra estar à frente da bateria e me preparo o ano inteiro para esse momento.
Malhação a mil
Não é nada fácil ter corpão de musa da avenida. No período que antecede o Carnaval, Sabrina intensifica a agenda de treinos: se exercita em seis dias da semana. Para isso, conta com a ajuda de três (sim, três!) personal trainers. A rotina inclui lutas com o personal Rodrigo Ruiz, que faz exercícios alternados de chutes com agachamentos para turbinar o bumbum e a coxas. Para deixar a barriga durinha, quem comanda a rotina de musculação é Marcio Lui, o personal da japa em São Paulo. Quando está no Rio, a malhação fica a cargo de Chico Salgado.
E não para aí:
– Também faço quando posso algumas aulas de samba, para ensaiar a coreografia e me preparar. Além disso, evito comer muitos doces, frituras e refrigerantes – conta.
Investindo na folia
Sabrina desembolsa uma boa grana em voos de jatinho para comparecer aos ensaios do Rio, já que ela vive na capital paulista. E ainda tem as fantasias: a estimativa é que o investimento ultrapasse os R$ 500 mil.
Donna – Está no ar mais uma edição do Big Brother Brasil, programa que abriu as portas para você. Passados 13 anos, como você avalia essa experiência?
Sabrina – Tudo na minha vida sempre aconteceu de forma espontânea e natural. Desde criança, eu sabia o que queria. Com cinco anos, dizia que queria ser apresentadora e trabalhar na TV. Tem até isso publicado no YouTube. Fazia rádio, coral, balé clássico e teatro desde pequena. Quem vem do interior, como eu, não conhece ninguém, é muito difícil conseguir trabalhar na televisão e realizar esse sonho. Estava fazendo faculdade de Jornalismo e havia cursado Dança antes e trabalhado no Domingão do Faustão quando fui para o Big Brother. Eu me inscrevi pensando em sair de lá e batalhar por um lugar na TV. Tinha 21 anos, era uma menina. Não foi ontem, entendeu? Faz muito tempo! Sou muito grata ao Boninho pela oportunidade. Acho que o que falta para o brasileiro é oportunidade. Todo mundo tem vontade de trabalhar, vencer na vida, ser feliz. O BBB abriu as portas para mim. Tive a oportunidade de conhecer gente de todos os cantos do Brasil, visitei o Sul, conheci muitos lugares. Isso faz a vida ficar mais interessante e divertida. Tenho muito orgulho de ter participado. Tenho orgulho de todos os passos que dei.
Donna – Você realizou seu sonho de ser apresentadora e hoje, depois de 10 anos no Pânico, tem um programa que leva seu nome. Como vai a nova fase?
Sabrina - Quando paro pra pensar, às vezes nem acredito! Meu sonho era ser apresentadora de TV, lembro que brincava na casa dos meus pais em Penápolis que teria um programa meu e que minha irmã, Karina, seria minha empresária (risos). Tudo o que conquistei até hoje é a realização desse sonho. O Programa da Sabrina tem várias atrações diferentes e vai estar sempre se renovando, criando quadros novos, e então não pretendo parar. Além disso, viajo pelo Brasil inteiro conhecendo histórias de pessoas incríveis e batalhadoras, e tenho sorte de poder sempre cruzar com pessoas admiráveis.
Donna – No Pânico, você não demonstrava pudor em viver experiências inusitadas, inclusive de biquíni. Acredita que essa persona foi uma peça-chave para fazer sucesso?
Sabrina – Não existe uma fórmula para o sucesso. O que acontece é fazer com amor, com vontade e do seu jeito, enxergar a forma como você pode fazer é o que acaba te diferenciando. Não se pode ter medo de arriscar e de se reinventar. Precisa ter coragem para encarar todos os desafios, que são diários. E nunca tem uma zona de conforto. É cansativo, mas é interessante também. Nunca fui uma menina fresca. Sempre topava as brincadeiras. No Pânico, era a maior diversão, fazia como trabalho, mas nada era muito difícil. Até era, mas era bom.
Donna – Você frequenta listas das mais bem-vestidas e até já foi convidada para um desfile da Louis Vuitton. Você se considera fashionista?
Sabrina - Sempre amei moda, é de família. Meu avô era alfaiate, e minha mãe tem uma loja que também vende roupas em Penápolis. Então, sempre tive contato com o meio e me apaixonei! O que gosto na moda é a liberdade de usar tudo. Às vezes, uso looks mais ousados, outros mais românticos. Eu adoro!
Donna – Como é o seu trabalho com o stylist Yan Acioli?
Sabrina – Minha relação com o Yan vai além do trabalho, somos amigos de verdade. Como meu personal stylist, ela dá palpite em tudo o que eu visto, nos meus cortes de cabelo, na maquiagem, em todas as produções. Trocamos muita informação. Pesquiso muitas coisas e mostro para ele, que também traz muitas novidades pra mim. É uma troca. Aprendemos muito um com o outro.
Donna – E quando recebe críticas, como você lida?
Sabrina – Acho normal, afinal ninguém é perfeito e nunca vamos agradar a todos… (risos)
Donna – Você recém lançou mais uma coleção de óculos, já fez campanha para celular, produtos para cabelo, shakes, entre outros. Como é transformar sua imagem em grife, algo que as pessoas querem comprar para ser como a Sabrina?
Sabrina – É um processo natural, as oportunidades foram surgindo… Sempre tive vontade de poder imprimir meu gosto em alguns produtos, e tive a sorte de encontrar parceiros que acreditaram em mim. Mas me preocupo sempre em associar minha imagem a produtos em que confio e que realmente uso. Gosto de participar do processo de criação e escolha de tudo. Sempre fui muito sincera com meu público…
Donna – Você já disse que sempre sonhou em ser gostosa.
Sabrina – Quando era mais nova, meu corpo era bem diferente do que é hoje. Era bem magra, tinha pouco bumbum e pernas finas (risos). Eu me sinto muito bem com o corpo que tenho hoje!
Donna – Qual o limite da vaidade? E das dietas?
Sabrina – Acredito que a vaidade e a busca pela beleza nunca devem ultrapassar os limites do nosso corpo. Nós temos que nos cuidar, nos alimentando bem e praticando alguma atividade física. Eu, por exemplo, me permito comer algo fora da dieta, mas nunca em exagero. Além disso, sempre acho algum tempo para me movimentar, mesmo que seja subindo os 16 andares do meu prédio. Temos que ser saudáveis acima de qualquer coisa.
Donna – Como você lida com a pressão para estar com o corpo em dia?
Sabrina - Desde pequena, gosto de me exercitar, faço por paixão mesmo. Então, fazer uma atividade física pra mim não é um sacrifício. Quanto à alimentação, sempre que tenho vontade de comer algo diferente, como em pequena quantidade, para matar a vontade e não prejudicar tanto o restante das refeições. Afinal, ninguém é de ferro!
Donna – Você é seguida e fotografada onde quer que vá. A falta de privacidade atrapalha?
Sabrina – Acho que acaba sendo uma consequência do meu trabalho. Sempre quis trabalhar na televisão, um sonho desde que era criança, então não acho que seja uma coisa negativa. O público sempre foi muito carinhoso e atencioso, as pessoas sempre me perguntam sobre minha família. Amo muito meus fãs e sou eternamente grata pelo amor que eles me dão.