O táxi sintonizava uma estação de rádio religiosa. Duas locutoras falavam sobre a importância de as mulheres serem submissas, a fim de atenderem aos desígnios de Deus. O poeta Antonio Cicero recém havia cometido eutanásia e eu, sentada no banco de trás, pensava: de que adianta defender o livre arbítrio em um país tão condenado ao servilismo? Preferimos receber ordens em vez de nos responsabilizarmos pelos nossos atos. Entregamos para a Igreja e o Estado a decisão de como devemos viver e morrer. Renunciamos à autonomia do nosso corpo e mente.
Partir com elegância
Opinião
A morte com data marcada pode ser uma bênção
A pessoa fez os outros felizes, contribuiu de alguma forma para a sociedade e, durante o inventário de suas perdas e ganhos, resolve que é hora de partir, sem esticar seu suplício
Martha Medeiros
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