Desde que aprendi a comer sushi, sinto uma vontade insaciável do prato japonês. Parece que, depois de saborear uma boa sequência, estou com bateria recarregada para aguentar uma semana sem cair na tentação. Passa esse tempo e a vontade já retorna. E, depois de provar vários tipos e identificar o meu preferido, quando encontro um novo lugar que agrada aos meus gostos, fica ainda mais tentador. Com certeza, o Sushi Lab, em Porto Alegre, vai ser minha dor de cabeça por um tempo.
Isso porque vai ser difícil recusar um convite ou até mesmo me convencer de que essa vontade incansável não é tão urgente assim. O restaurante entrou para a lista de um dos melhores que já provei e está bem alinhado ao estilo que gosto: valorizando os peixes frescos sem deixar de lado o toque autoral e uma pitada de criatividade.
Durante a pandemia, o Sushi Lab inaugurou como delivery e, em poucos meses, conquistou sua clientela pela qualidade do produto. O objetivo dos donos era justamente esse, trazer confiança e excelência no prato. Na verdade, na caixa. Neste ano, o negócio expandiu e abriu, na frente da operação de delivery, um espaço para receber os clientes fiéis e conquistar os novos.
O salão é aconchegante e reservado, ideal para ir com um grupo de quatro pessoas ou de casal. Decoração sóbria, luzes baixas e música tocando (nas quartas-feiras, é ao vivo). Tudo para dar ainda mais destaque às cores e aos sabores dos pratos. Decidimos provar a sequência, que promete entregar o que a casa tem de melhor. A seleção das etapas é farta e não poupa os peixes frescos. Custa R$ 200 por pessoa.
Você sabe que o que está por vir é bom quando o primeiro prato a chegar na mesa é carpaccio. E não só um, mas dois! Um com azeite trufado e raspas de limão siciliano, outro com molho shoyu e crispy de batata-doce. Esqueça hot roll ou bolinho frito para o começo. Quando foi dito que a sequência reservava apenas o melhor da casa, não estavam brincando.
Logo em seguida, chegou a tradicional saladinha de sunomono, que não pode faltar! Junto dela, uma dupla de toasts com salmão e atum, que foram de tirar o fôlego. Sem dúvida, um dos melhores da noite. E dá para ver que o restaurante não poupa qualidade para o final do jantar. É tudo excelente, do começo ao fim.
Para dar uma quebrada, o chef Cris Meotti mandou um prato quente de frutos do mar. Era camarões na moranga, com crispy de alho-poró por cima. O prato estava tão bom que - spoiler -, ao final da sequência, decidimos repetir os melhores e esse foi um deles. Depois, veio outra versão de camarão, mas muito diferente: empanado no coco e frito, com molho de pimenta. Sensacional!
Chegou o primeiro combinado! Neste, vieram peças de uramaki e hossomaki dos mais diferentes estilos. Os peixes também eram variados: branco, atum e salmão. O meu preferido foi o de atum com amêndoas - diferente, leve e saboroso.
Demos um tempo para conseguir chegar até o final provando, pelo menos, uma peça de cada. E para o próximo, precisávamos guardar espaço. Se tratava de um combinado de niguiri. Eram seis peças, com destaque para três: o de barriga de salmão, o de camarão e o de polvo com molho de azeitona. Este último é uma combinação incrível, bem típica peruana.
Mas eu sabia que ainda tinha muita coisa boa vindo por aí. Na verdade, as melhores, para mim. Chegou, então, o terceiro combinado, só com peças de gunkans. Eram sete tipos, sendo quatro de salmão fresco e dois de salmão flambado. Comecei pela sugestão da dona, que nos contou que o flambado com queijo brie e damasco era o seu preferido. E realmente era muito bom! Mas sou suspeita de falar, já que o bom e clássico gunkan de salmão fresco é a melhor peça, na minha opinião.
Antes do combinado final, chegou uma taça de ceviche. A sequência tem traços da influência peruana, por isso, o ceviche seguia a receita tradicional. Confesso que estava ansiosa pelos sashimis, mas aquele ceviche roubou a cena. Inclusive, foi a minha escolha de repetição ao final. Você pode pedir para repetir tudo e quantas vezes quiser, desde que dê conta do recado. Aos fãs de hot e temaki, não se preocupem, o chef atende aos pedidos de quem solicitar.
E, claro, os pratos foram acompanhados de um bom drink. Quando cheguei, dei uma olhada na carta da casa e quando bati o olho onde dizia “cachaça de jambú”, sabia que não haveria opção melhor. E fiz a escolha certa! O drink estava leve, sem muita predominância do jambú, que tem o efeito de dormência na língua. Ao menos, não prejudicou meu desempenho na sequência.
Vamos ao quarto e último combinado, o de sashimi. Esse é o ouro da noite, as peças mais frescas e selecionadas. Vieram cinco tipos: salmão fresco e flambado, atum, barriga de salmão e polvo com molho de azeitonas. Esse é o gabarito, na minha opinião. Se eu conseguisse aguentar, pediria mais uma rodada, só para segurar a vontade de comer um bom sushi por mais tempo. Mas não havia jeito, porque ainda tinham as sobremesas.
É muito comum quando vamos em restaurantes especializados em um prato ou em uma cozinha muito específica, que as sobremesas não levem destaque. Afinal, é difícil dominar os pratos e ainda investir em uma boa confeitaria. É um bom ponto para se observar quando for analisar uma experiência completa.
Neste caso, fui muito surpreendida. Eram três desconstruções inspiradas no tiramisú, na banoffee e na cheesecake de frutas vermelhas. Optamos pelas duas últimas, que não decaíram o nível da sequência de forma alguma. Foi a finalização ideal para uma grande noite!
Sushilab, vocês vão me dar trabalho… Como eu faço para lidar com a vontade insaciável do ceviche ou vou superar minhas memórias com o combinado de sashimi? Vou ter que viver com isso.
Sushi Lab
Endereço: Rua Carlos Von Koseritz, 1.604, no bairro Auxiliadora
Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 18h às 23h
Fone: (51) 98058-0005
Delivery disponível por iFood ou pelo site.
@sushilab.crismeotti