Poucas lembranças são tão afetivas quanto o cheirinho de um café recém passado. O aroma delicioso, que toma conta da casa da avó, das repartições públicas e dos restaurantes, está na vida de grande parte dos brasileiros. Não é por acaso que dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) apontam essa bebida como a segunda mais consumida no país, ficando atrás somente da água.
Para comemorar o Dia Nacional do Café, celebrado em 24 de maio, passamos três dias junto com a equipe do Grupo Press na Fazenda Pessegueiro, localizada em Mococa, região metropolitana de São José do Rio Pardo, em São Paulo. Durante a experiência, vivenciamos o processo da colheita, da secagem e da torra, além de poder conhecer um pouco mais sobre o cultivo de um grão tão importante para o nosso país.
A FAZENDA FAMILIAR
Desde 1870, a Fazenda Pessegueiro tem na cafeicultura a principal atividade, exercida pela mesma família há seis gerações. É com muito amor que Rita Maria Souza Gonçalves Dias, carinhosamente chamada de Dona Rita, segue com o trabalho iniciado por seu falecido marido, Clóvis Gonçalves Dias Filho, junto de seus dois filhos.
– Tudo começou com os parentes do meu marido. Nós fomos apenas dando continuidade, sempre em família, trazendo significado e alegria para todos – explica Rita. Com produção predominantemente artesanal, a fazenda aplica práticas criteriosas de manejo das lavouras e gestão ambiental em seu dia a dia. Da mesma forma, o lado social também é um fator presente para a empresa, que emprega cerca de 35 famílias da região, oferecendo melhores condições de vida e uma carreira profissional. Estar ao lado deles é ter uma lição de humanidade e de paixão pelo ofício, reconhecidos facilmente depois de degustar uma xícara de café quentinho produzido na Pessegueiro.
Apesar de ter origem somente no cultivo de café, a fazenda foi se aperfeiçoando ao longo do tempo para dar início a uma torrefação, que se deu como um importante passo para a entrada no varejo e se tornar um café conhecido entre os apaixonados pela bebida. Dona Rita conta que, em busca de atividades para a sua rotina, começou a torrar os grãos sem o marido saber.
– Há anos tínhamos o sonho de montar uma torrefação. Isso só foi se concretizar quando eu fui atrás de atividades para ocupar o meu tempo. Comecei a fazer isso nos fundos de casa e a vender para quem eu conhecia, sem o Clóvis perceber. Eu ia para a academia e levava caixas de café, vendia tudo. Até que um dia ligaram pedindo para comprar o torrado e o moído. Foi quando eu admiti que estava torrando café – conta dona Rita.
Para ela, nada é mais prazeroso do que ver alguém saboreando e se deliciando com um café da Pessegueiro. Além de coordenar todos os processos de produção da fazenda, ela também está atenta à qualidade da bebida:
– Estamos constantemente nos atualizando e buscando novas ferramentas para a produção. Mas nosso modo artesanal de fazer é imbatível. É possível ter retorno em tudo o que fizermos para melhorar. Ficamos entusiasmados com elogios e ao mesmo tempo ligados no cuidado.
Para o futuro, Dona Rita espera que mais pessoas possam conhecer e apreciar o produto da Fazenda Pessegueiro:
– Eu vejo um crescimento grande em função do varejo. Estamos começando a colocar nosso café à venda em lojas de São Paulo. Valerá a pena para que mais gente possa conhecê-lo. As pessoas estão cada vez mais interessadas no assunto e buscando conhecimento sobre o que bebem. Todos aqui têm essa consciência: isso levará o nome da fazenda para longe.
O TESOURO BRASILEIRO
Em meio à natureza exuberante estão 1 milhão de pés de cafés de diferentes variedades, em um solo rico e muito produtivo. Por estar localizada em terreno com bastante recortes geográficos, a Fazenda Pessegueiro encontra em sua terra um verdadeiro tesouro que possibilita o cultivo de cafés com variadas características, diferentemente do encontrado no Cerrado Mineiro, por exemplo, que apresenta um terreno uniforme.
José Renato, um dos filhos de Dona Rita, é especialista em qualidade de café e explica que o mesmo entendimento sobre terroir dado aos vinhos também pode ser atribuído ao café. Na região de mogiana, onde está a Pessegueiro, o solo produz cafés doces e encorpados, enquanto no Sul de Minas Gerais, a acidez é o forte dos grãos.
– Para a qualidade do café, eu preciso de clima seco, baixa umidade relativa do ar, frio e luz moderada. Esses e outros fatores auxiliam no amadurecimento do grão e resultam em um café mais doce. Tudo isso nós encontramos por aqui – afirma José Renato.
– Outro diferencial do nosso solo são as pedras graníticas, que são ricas em potássio, um dos nutrientes mais importantes para a formação dos grãos. Ter isso de forma natural faz toda a diferença no nosso café – finaliza.
O CAFÉ DO GRUPO PRESS
Inspirada em cafeterias europeias, Carla Tellini abriu o Press Café para encontrar um espresso de qualidade em Porto Alegre. Após muito estudo, treinar funcionários, pesquisar fornecedores e investir em equipamentos, inaugurou a primeira unidade no Moinhos Shopping, em 2002. Desde então, o café escolhido para o início dessa jornada foi o da Fazenda Pessegueiro. Atualmente, o Grupo Press é o maior cliente da produtora paulista, quando se fala em cafeterias – e 100% dos grãos utilizados por aqui vêm de lá.
Sempre preocupado em qualidade e crescimento, o Grupo estimula seus funcionários a se especializarem na tradicional bebida. Não é à toa que o café que o público degusta em Porto Alegre é o que acompanha a premiada equipe de baristas do Press Café à conquistar seus inúmeros prêmios e campeonatos pelo país. Como forma de reconhecimento, anualmente, a empresa envia seus melhores baristas para uma imersão na Fazenda Pessegueiro. Wesley Silva de Oliveira, Bianca da Silva Alves, Jorge Luiz Rubim e Aline Voeltz foram os nossos companheiros de viagem, junto de Lisandra Brancher, gerente de qualidade do café do Press.
– Contar para os meus clientes que eu vi o café que eles estão bebendo sendo produzido, é algo indescritível – reflete Wesley.
– Ter o conhecimento do plantio à xícara é muito importante para o nosso trabalho, estamos muito felizes por viver essa experiência. Com certeza vamos fazer o café com mais vontade do que já fazemos – conta Jorge.
Quando bater vontade de saborear um excelente café, lembre-se de que o tesouro da Pessegueiro está pertinho da gente, no Press.
destemperados
Com amor e muita história: os cafés da Fazenda Pessegueiro
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