Viver uma experiência gastronômica é mais do que conhecer o astral de um restaurante e se deliciar com um prato. A história do alimento que comemos, de quem produz e de quem cozinha conta cada vez mais para o consumidor e também para a gente, que escreve. E foi com esse pensamento, de descobrir as memórias afetivas por trás da comida, que surgiu a Expedição Fartura - Comidas do Brasil.
A Expedição começou depois que a Plataforma Fartura decidiu percorrer o Brasil todo, em 2012. E todo mesmo: produtores, cozinhas e chefs de 208 cidades, dos 26 estados e do Distrito Federal já participaram. E toda essa bagagem é ingrediente para os livros, vídeos, receitas e festivais gastronômicos organizados por todo o país.
Para você entender bem a dimensão disso tudo, nós listamos aí abaixo cinco descobertas da Expedição Comidas do Brasil.
Todo prato tem história
Entre as maravilhas da gastronomia: sempre tem um ingrediente novo a ser testado, e um prato com uma história única a ser provado. E o chef sul-matogrossense Paulo Machado* é um dos que garante que pratos que contam histórias não vão faltar. Há mais de oito anos ele se empenha em pesquisar e divulgar o que tem de melhor da culinária do Pantanal, como o puchero - um cozido de origem espanhola que é um dos pratos-símbolo da região e foi trazido para cá na época da colonização da América do Sul.
O tradicional puchero, prato de origem espanhola e que é um prato-símbolo do Pantanal
Sabores podem ser redescobertos
Na Expedição de 2013, que passou por seis estados, o chef Marcelo Schambeck*, do restaurante Del Barbieri, em Porto Alegre, contou sobre a ligação dos gaúchos das campanhas com o cordeiro. Até hoje os mais tradicionalistas comem a carne do animal bem passada, mas o chef lembrou na Expedição que o que sempre surpreende seus clientes é mostrar que o cordeiro é mais saboroso quando assado no ponto certo de cada corte.
Stinco de cordeiro preparado pelo chef Marcelo Schambeck
Tem ingrediente onde a gente menos espera
O cozinheiro Timóteo Domingos* tem só 20 anos, mas já tá cansado de saber o que muita gente mais experiente não sabe: os cactos da caatinga nordestina podem servir de ingrediente para pratos saborosos. Ele lembra que antigamente o mandacaru, o xique-xique, a palma, o cabeça de frade e o facheiro eram considerados comida para o gado em Canindé de São Francisco, em Sergipe, onde ele mora. Hoje, ele já criou mais de 100 receitas com essas diferentes espécies da planta.
Timóte corta um dos muitos mandacarus de Canindé de São Francisco, em Sergipe
Grandes descobertas acontecem por acaso
Na beira da estrada em Sapiranga, no Rio Grande do Sul, funciona há décadas um restaurante que, apesar de não ter essa nenhuma pretensão, é histórico. Muitos garantem que foi na Churrascaria Matias que surgiu o espeto corrido, nos anos 60. Contam os garçons do lugar que, em um evento, o saudoso Matias achou uma solução criativa para a falta de carne em um evento: ao invés de servir tudo de uma vez, os garçons cortariam a carne diretamente dos espetos para o prato dos convidados. Agradou tanto que a ideia não só ficou, como se espalhou pelo país.
Os espetos do Matias saíram pela primeira vez da churrasqueira para a mesa dos clientes nos anos 60
Às vezes, basta atravessar a rua
Você deve conhecer o Mercado Público de São Paulo - o popular Mercadão. Mas é bem provável que você nunca tenha ouvido falar do Mercado Kinjo Yamato, que tá há mais de 80 anos pertinho do primo famoso. Enquanto um é mais túristico, é no outro que se encontra a maioria dos produtores e os preços mais baixos. E isso a alguns passos de distância: do outro lado da rua do Mercadão.
O Kinjo fica pertinho do Mercadão, mas pouca gente sabe
*Paulo Machado, Marcelo Schambeck e Timóteo Domingos estão confirmados no entre os mais de 100 profissionais da gastronomia que vão participar da edição do Festival Fartura de Porto Alegre, nos dias 5 e 6 de maio.
*Conteúdo produzido por Destemperados para Fartura - Comidas do Brasil