Oi, meu nome é Nathalia e eu sou ansiosa. E, já que estamos nesse clima de confissão, você precisa saber: esse quadro clínico se intensifica quando o assunto é comida. Mas, para não ficar só na parte ruim, eu gosto de usá-lo para avaliar se eu gostei muito ou pouco de um restaurante. Entenda: quando eu fico ansiosa para voltar depois de algumas semanas, eu gostei. Quando eu fico ansiosa para voltar antes mesmo de ter pago a conta, aí é amor. E, já dando spoiler, foi exatamente isso que aconteceu na minha ida ao Tanit, nova casa do chef catalão Oscar Bosch, em São Paulo.
Aberto há mais ou menos um mês, o restaurante fica no final da Oscar Freire, já longe do burburinho que a gente conhece bem. Dentro, muita madeira, uma paleta de cor suave e essas cadeiras lindas de morrer da Molio Design. Chegamos antes da abertura porque, né, depois de sair em todos os jornais, revistas e contas de Instagram, fiquei com medo da tradicional fila de espera do domingo. Ansiosa, lembra?
Sentamos e recebemos o cardápio logo. Às 12h35 as mesas já estavam 60% ocupadas. Não me arrependi de ter esperado um pouquinho do lado de fora. O serviço é ágil, atencioso e muito educado. Daria uma nota 10 e uma estrelinha. Na carta de bebidas, drinks tradicionais, alguns rótulos legais de cerveja (Duvel, Vedett, Stella, entre outras) e três Gin Tônicas assinadas: spicy, floral e cítrica. Meu marido pediu a versão cítrica, muito perfumada, levinha, uma delícia até para mim que não sou muito dos drinks.
Eu fui de Estrella Galícia, para entrar no clima espanhol.
Para começar, pedimos as Bravas Bravíssimas, batatas crocantes, molho de tomate caseiro e ragú de chorizo espanhol. De todas as versões que já provei dessa entrada queridinha, essa sem dúvida foi a melhor e a mais diferente. Sim, ela vence em duas categorias. Colocar essa bolinha toda na boca é uma explosão de sabor que merece uma ola de toda a torcida do Barcelona.
Alguns amigos já tinham ido ao Tanit e me alertaram para não deixar de pedir o Steak Tartar. Eu disse que não gostava muito desse prato, e eles insistiram: "não deixa de pedir o Steak Tartar". Bom, obedeci, né? Pedi o danado do Steak Tartar. Esqueça qualquer versão que você já comeu, essa dá uma surra de inovação, sabor e uau. Sim, três categorias. É só olhar essa foto e você vai ter que concordar comigo. Embaixo do tartar, um tutano assado. Em cima, batatas crocantes. Ao lado (infelizmente não saiu na foto), pequenas torradinhas. Sim, é tudo isso que estão falando mesmo.
Existe uma regra não escrita que não me deixa pedir mais de duas entradas em uma mesa de duas pessoas. Mas era tanta croqueta passando de um lado para o outro, que nós não resistimos e pedimos uma porção para chamar de nossa. Eles têm duas opções dessa iguaria maravilhosa que eu amo: jámon com bechamel ou alho poró com queijo de cabra. Fomos na primeira e valeu a pena ter quebrado a regra da terceira entrada. Crocante por fora, muito, muito cremosa por dentro. Maravilhosa. E, caso você esteja se perguntando, sim, esse é o post mais cheio de elogios que eu já escrevi pro Destemperados.
Uma segunda rodada de bebidas? Sim! Eu continuei na cerveja e o marido resolveu pedir outra versão do Gin Tônica: o spicy. Essa versão levava canela, alecrim e mais uma coisinha que eu não consigo lembrar agora (desculpa!). Que perfume, que sabor, que drink. Uma delícia (delícia!). Queria outro agora enquanto escrevo esse post, queria esse bartender em todas as minhas festas, queria voltar... Espera, vamos continuar.
Hora dos pratos: eu fui de arroz negro com polvo grelhado, tinta de lula e allioli. Eu já esgotei minha cota de adjetivos para esse texto, mas olha, parabéns. Lula no ponto, arroz maravilhoso, o molhinho, ah, esse molhinho.
Do outro lado da mesa, um Fideuá de Lulas. O irmão da paella não fez feio e veio com um sabor que eu nem consigo explicar agora. Muito bem temperado, as lulinhas macias, uma coisa de louco. Achei que meu prato ia ser melhor, mas olha, tô eu e Glorinha: não sou capaz de opinar qual dos dois estouraria um champagne no lugar mais alto do pódio.
Ativei o compartimento das sobremesas só por causa desse post, porque eu já não aguentava mais nem meia croqueta depois dessa comilança toda. Como eu ando numa fase de sair da minha querida zona de conforto culinária, pedi a Torta Santiago, um doce típico da região. Sem chocolate, Nathalia? Sim, senhor. Um bolinho feito com nozes que traz um leve toque cítrico e acompanha creme anglaise e sorvete de nata.
Um jeito incrível de terminar esse almoço que, como eu posso definir esse almoço? Ah, já sei. Um dos melhores que eu tive desde que me mudei pra São Paulo. No final, 350 reais (com serviço) pagaram tudo. Agora me diga: se a minha ansiedade de voltar já está grande, a sua para ir deve estar do mesmo tamanho, não é?
Tanit
Rua Oscar Freire, 145 - Jardins
São Paulo/SP
Fone: (51) 3062- 6385
Aceita cartões Visa e Master
* Conteúdo produzido por Nathália Cunha