Existem lugares que ficam na nossa memória afetiva, geralmente porque fizeram parte da nossa história. Esse é o tipo de relação que tenho com o Paradouro, de Morro Reuter (RS). Minha família e eu costumávamos ir lá durante a minha infância, e eu, carinhosamente, chamava o lugar de "o restaurante das galinhas", justificado pelo galinheiro que os donos mantinham atrás do estabelecimento. Estamos falando do final da década de 1970 e início dos anos 1980. De lá para cá, muita coisa mudou, mas, ainda bem, o Paradouro continua lá. E foi nesse clima nostálgico que eu voltei ao meu "restaurante das galinhas" em um belo domingo.
A primeira coisa que vi quando cheguei foi uma pracinha para as crianças, com brinquedos vintage. Tem até gira-gira! Meu pai, que estava junto, disse que, na época em que eu era criança, esse atrativo não existia. Mas hoje existe, e a Alice, minha filha, e a Luíza, prima dela, adoraram.
O restaurante continua mais ou menos como eu me lembro. Com comida típica alemã, ele recebe muitas famílias aos finais de semana e funciona num formato de rodízio, com carrinhos cheios de opções passando de cá para lá.
Nos acomodamos em uma enorme mesa - quase toda a minha família topou me acompanhar no passeio nostálgico - e liberamos o garçom para começar a nos servir. Iniciamos os trabalhos com a entrada, bolinhos de batata ralada com duas geleias, de goiaba e uva. Alemão adora misturar doce com salgado. Não nego minha origem e adoro também.
Estava quente, mas eu não queria negar nada. Então, pode servir a sopa de legumes.
De pronto, o garçom dispôs em nossa mesa uma mostarda picante, bem especial. O que ela acompanharia? Tudo.
Minutos depois, uma avalanche de pratos típicos foi acomodada em nossa mesa. Primeiro, a língua com molho vermelho, prato que minha vó fazia com bastante frequência e que eu sempre adorei. Bora continuar matando saudades.
A trinca massa, arroz e purê de batatas, que eu acho que combinam muito. Misturar o arroz com o purê, então, nem se fala.
Picante, temperado, típico: ele, o chucrute.
A batata está sempre presente. Sempre. Então, pode servir outro tipo de bolinho de batata que ela será sempre bem-vinda.
Matambre recheado? Olhei para o meu pai e vi sua cara de satisfação completa. Ele ama. E eu também.
Tudo estava bem, mas faltava a estrela da casa, o Eisbein. Ou, traduzindo, joelho de porco. Éramos quase todos desconhecidos da iguaria em nossa mesa. Provei e curti muito. Parabéns, seu Eisbein.
Eu já estava feliz, feliz da minha vida, mas precisava ir com a experiência até o fim, ou seja, até o buffet de sobremesa. Vamos a ele. Entre compotas, pudins e sorvetes, escolhi o clássico pudim de leite, aquele ali no lado esquerdo da foto.
Para quem quiser, na saída uma mesa de bebidas e licores está à espera.
Valeu cada segundo da minha (nova) experiência no Paradouro, agora mais velha, com uma filha a tiracolo e mais um capítulo da minha história. As galinhas? Não, elas não estão mais lá. Ficaram no passado, junto da minha infância.
Gastamos cerca de 70 reales por pessoa entre o almoço, as bebidas e a gorjeta.
Rodovia Estrada Paradouro, 65
Morro Reuter - RS
Telefone: (51) 3569-2234 e (51) 3569-1074
www.restauranteparadouro.com.br
* Conteúdo produzido por Tatiana Tavares