É difícil fazer um post sobre um lugar que eu tenha acompanhado uma certa parte da sua criação antes dele nascer. Ter afeto com as pessoas que fizeram parte do projeto, inconscientemente, te inclina a gostar do local mesmo antes de ele abrir, certo? Daí que a minha veia crítica resolveu se afastar das pessoas, do projeto e do local. O Victoria Brown abriu no ano passado, rasgando elogios e deixando apaixonados perdidos por Buenos Aires. Eu deixei rolar um certo tempo para poder conhecê-lo e mostrar para vocês tudo o que meu afeto pelas pessoas e pela ideia não deixaria mostrar com tanta objetividade.
Foram pelo menos cinco idas ao local em diferentes semanas para trazer de verdade o conceito que por lá se respira. Tendo como consultoria e planejamento uma equipe que está destinada ao sucesso não tinha como a ideia não ser bem executada. VB, como vou chamar o lugar, é tudo o que você precisa em um dia.
Funciona na parte da manhã e da tarde como um café que serve brunchs gulosos, calóricos, cheios de carboidratos. O cardápio pode até ser enxuto, mas requer várias idas até provar tudo e logo depois resolver comer tudo novamente.
A decoração é meio industrial, lembra a bakeries fofas de NYC e must say que a trilha sonora é deliciosa: funk, soul e pops nada melosos formam parte da seleção.
Grande parte do destaque dessa primeira parte do post se deve aos sucos que por lá são servidos. Há variedades difíceis de encontrar por Buenos Aires e com uma apresentação requintada. Quem bebe até acha que é um drink. Na foto, um suco de tangerina e outro de limão.
Para a comidaria fomos de salada caesar que veio em um pote grande, sem segredos e sem maiores erros.
E eu fui de um lanche enorme, dividido em três fotos: o acompanhamento que era batata doce. Adoro batata doce e é difícil encontrar batata doce em restaurantes porteños. Elas podem ser substituídas por batatas fritas e outras modalidades de batatas que não me lembro agora.
O lanche era o de bondiola com cheddar e etc. De tamanho respeitável e de uma carne que desmanchava na boca.
Pega entonces a textura e a monstruosidade do cheddar. Nada mal, né? O lanche é realmente grande e devo dizer que meninas, talvez, não consigam comer inteiro. O que foi o meu caso. Depende da fome, ya lo sé. Delicioso.
Mas eu não poderia deixar de provar a chocotorta amigável e querida de lá. Já provei várias modalidades pela cidade, com café, sem café, com mais doce de leite e com menos doce de leite e jamais comi uma assim como a da foto. AMAIzing, gente. De verdade.
Além de servir como café, eles também têm um baita brunch aos domingos, mas isso eu conto depois. Porque a partir das 21h da noite esse rapaz travesso da porta faz as vezes de anfitrião para um bar escondido atrás dessa parede de tijolinhos. O café fecha, deixando apenas uma porta aberta e servindo de separação entre o agito e a rua.
Não é de se impressionar com a criatividade do local em se tratando de quem o armou. Foram meses e meses de criação e desenho para chegar ao ponto em que o VB chegou. Esbanjando conceito (e agora vou explicar a origem do nome) e criatividade. Não tem afeto nenhum que possa camuflar a genialidade da coisa.
Victoria Brown remete ao nome da Rainha Victoria da Inglaterra e seu servente irlandês John Brown. Vic foi uma das rainhas mais importantes do Reino Unido e também uma mulher saidinha para a época. Depois que seu marido faleceu, Vic foi consolada por um servente trazido diretamente da Irlanda, sir Brown. Brown era na real um alcoólatra divertido que levou alegria a rainha. Não só alegria, mas levou outras coisas também (reza a lenda que eles eram amantes). Além disso ele até ensinou a mulher a beber, pondo wkisky na bebida dela.
Os meninos do VB realmente acreditam que além daquela postura durona da rainha existia uma pessoa totalmente vulnerável aos encantos e ao charme do Brown. Logo, assumiram que os dois realmente eram amantes (mesmo contra tudo e todos) e que eles até se casaram como algumas teorias britânicas sugerem.
A questão é que o rolo do casal serviu tanto de inspiração que elevou o nível de criatividade da equipe criando assim um lugar que não erra em nenhum detalhe. Começando pela arquitetura e design, posso dizer que o VB entra pela briga dos lugares mais bem planejados de Buenos. Não tem um fio solto, uma pintura mal feita, uma coisa fora do lugar. É tudo perfeitamente colocado em ordem, não tem erro. Tanto é que foi o único representante ever da América Latina a concorrer pelo prêmio global de melhor design de bar do mundo. Não levou, mas estava na briga. Olhando para cima uma miragem que também é foco não só de fotos de quem vai, mas de muitos arquitetos interessados no projeto que ganhou fama pelo meio.
A decoração remete à era industrial e é possível ver um relógio incrível na parede da barra chamando atenção de qualquer um que entre lá dentro em contraste com a luz do balcão e todo o resto.
Falando então de bar, atmosfera e etc. VB é grande demais, houve uma vez na qual eu fui e pude conversar com o guarda e ele me disse que entraram 450 pessoas em uma noite só. E esses dias atrás li um recado de um colega meu que foram feitos mais de 10 mil drinks no bar no ano passado, não é brincadeira gente.
Muito disso se deve ao menu: o maior de cocktails de Buenos Aires. São muitos e tem que ir muitas vezes para provar todos, estou falando a verdade. Caso haja alguma dúvida sobre o que pedir, não se preocupe: existe uma espécie de bússola de sabor que te guia desde o mais forte deles, ao mais fraco. Passando por todos os tipos de tragos, dos mais clássicos aos mais ousados.
Se a fome bater, ainda assim, há solução. Existe um menu bastante interessante de comida por lá. Não é a mesma cozinha do café que abre cedo, mas ó é um belo de um menu e a comida se defende bastante bem. Tem gente que vai até para jantar, eu só fui para comer coisinhas. Tipo entradinhas...
Lanche...
E muitos drinks. Por falar neles, provei vários e as amigas também. O mais feminino e pelo qual tenho uma queda pessoal (porque foi feito em minha homenagem, tenho como provar haha) é o La Provence que vai gim macerado com lavanda, mel e suco de limão. Muito amor e é um dos drinks mais vendidos da casa, porque as meninas acham romântico e eu devo dizer que é gostoso mesmo para abrir a vontade de provar vários outros.
A real é que todo mundo fica bem feliz lá dentro. Se deixa levar pela música (a cada dia da semana tem um DJ incrível diferente que faz toda a diferença na experiência do lugar) e rola um clima de azaração interessante para níveis portenhos de azaração. Falo sério.
Ainda mais depois de uns Negronis.
Dito e feito.
Não sobrando pretendentes disponíveis ou se você não tiver nenhum amigo para chamar de Brown na noite, o que resta é degustar quase o menu inteiro de cocktails e brincar com o mascote da casa, ainda sem nome. Pobre coitado. Na foto, o drink Penicilin.
E nessa foto um que vai marshmallow, as meninas piram no U Got me Baby com vodca, docinhos, frutas e falernum. Eu também provei vários outros, mas como me lembrar? Só me lembro dos meninos bem vestidos da barra com camisa jeans que eu amo esbajando sorriso para todo mundo. Acho que eles se inspiraram de verdade nas artimanhas de John Brown.
Victoria tem um menu decente de preços e os drinks custam ao redor de 80 pesos cada, e os pratos ao redor de 100. Prepara o bolso porque você vai querer passar o dia inteiro lá. E caso depois do bar exista uma ressaca, fica pro brunch do dia seguinte e assim por diante. Long live the Queen!
Victoria Brown
Costa Rica 4827, Palermo Soho
Buenos Aires/Argentina
Fone: (5411) 4831-0831
Aceita cartões Visa, Master e dinheiro
www.victoriabrownbar.com
* Conteúdo produzido por Amanda Mormito