Os primeiros capítulos de Volta por Cima mostraram que Jão, protagonista da história, era o herói de que o público precisava na telinha. Com forte apelo popular, carisma e uma boa dose de heroísmo – evitou um grave acidente no primeiro capítulo e evitou um assalto dias depois – o personagem alçou Fabrício Boliveira ao posto de galã das 19h. Em um momento único na teledramaturgia, com atores e atrizes negros em destaque nas tramas, o ator celebra o carinho do público, comenta o sucesso do casal Jão e Madá (Jéssica Ellen) e a representatividade no audiovisual. Confira a entrevista.
Como tem sido a repercussão do público ao seu personagem? Tem muita gente querendo ser a Madalena do seu Jão?
A repercussão está sendo superpositiva. Estava apreensivo com a estreia da novela, sempre um desafio novo me deixa assim, mas os feedbacks têm enchido meu coração. O Jão está na boca das pessoas na rua, o público torce fortemente pelo casal e as inquietações profissionais do Jão criam uma identificação direta com alguns trabalhadores brasileiros. O tema da paternidade do Jão também tem aparecido muito nas abordagens nas ruas (o personagem nem imagina que é filho de Edson, papel de Ailton Graça).
Muito se elogiou a química entre você e a Jéssica Ellen, mesmo antes do primeiro beijo. Como é sua parceria com a atriz dentro e fora de cena?
Somos amigos há um tempo e tínhamos feito um especial de Natal juntos em 2021. Com o convite para a novela, conversamos mais ainda e até hoje ensaiamos nossas cenas juntos. Pra mim, química tem a ver com muito trabalho. Jéssica é uma atriz muito intensa e livre, e nisso nos assemelhamos bastante e comungamos em cena.
Jão é o herói da trama, mas tem muitos defeitos, principalmente na vida amorosa. Como você avalia o seu personagem?
João era um homem solteiro e, como na vida comum, tinha seus casos. Com a paixão pela Madalena, ele privilegia ela e foca nesse amor. Acho que a impulsividade do Jão é o grande calcanhar dele, onde pode aparecer mais seus erros, frente à falta de reflexão. Como ter aceitado o namoro com a Cacá (Pri Helena), por exemplo, por impulso. Foi o que causou mais problemas pra ele, que teve que finalizar a relação por estar apaixonado pela Madá, sendo bastante sincero, mas não menos dolorosa, a situação.
Como foi adentrar nesse universo dos trabalhadores do transporte público? Como foi sua preparação?
Ficamos em contato com profissionais de ônibus e com uma empresa de transporte público da Zona Norte (do Rio). Conversamos bastante e hoje tenho um consultor pra novela e um colega fiscal de ônibus, o Flávio, que sempre me assessora com as dúvidas, sobre os deveres, os direitos da função de fiscal e as relações entre os profissionais e os passageiros.
Qual será o principal obstáculo no romance de Madá e Jão? Chico (Amaury Lorenzo) ou Cacá?
Os ex-namorados, que não lidam bem com os términos e querem continuar com aquelas relações mentirosas. Eles darão muito trabalho pro casal apaixonado. Jão e Madá ainda vão passar por muitos sufocos juntos, para viverem o amor deles.
Desde sua primeira novela na Rede Globo (Sinhá Moça, em 2006, na qual viveu o escravizado Bastião) até hoje, como vê os espaços para pessoas negras e o protagonismo que ocupa hoje? Você acha que os papéis melhoraram? Há mais representatividade?
Acho que ainda tem muito movimento pra acontecer e a teledramaturgia tem mais de 60 anos de protagonismo branco em suas obras. Ainda temos muito que caminhar, vibrar pelas vitórias de inclusão, mas ainda exigir e observar bastante a evolução no audiovisual e nas novelas, para que façam jus às evoluções da sociedade brasileira.