Ao ser questionada sobre as inconsistências em algumas de suas novelas, Gloria Perez disparou: "É preciso saber voar". A autora quis dizer que, na ficção, tudo é possível: a distância entre Marrocos e Brasil se torna pequena, mulheres podem explodir de tanto comer e outros absurdos que só a teledramaturgia permite. Resumindo: toda história pode ser contada, desde que de uma forma bem feita.
Em Império (2014), exibida em edição especial às 21h, na Globo, Aguinaldo Silva apostou em uma trama mais realista. Mas, por ironia do destino, precisou recorrer ao universo fantástico que o consagrou nas décadas de 1980 e 1990.
A novela já passava da metade quando Drica Moraes, intérprete da vilã Cora, precisou se afastar das gravações por problemas de saúde. Deu-se um impasse: como levar a história adiante sem a personagem que mais infernizava a vida dos protagonistas? Com pouco tempo para decidir, Aguinaldo sugeriu o retorno de Marjorie Estiano, que viveu a megera na primeira fase da trama.
Fonte da juventude
De uma hora para outra, Cora rejuvenesceu 30 anos. Como assim? A "explicação" da vilã foi que teria passado alguns dias em um spa, onde se submeteu a um tratamento com xixi de jacaré. Por mais bizarro que fosse, o público embarcou nessa loucura, a novela seguiu firme e foi um sucesso até o final.
A ficção permite tudo, até soluções absurdas. E, se formos analisar friamente, a realidade consegue superar a imaginação dos melhores escritores. Ou você imaginaria, anos atrás, que um vírus assolaria a humanidade e transformaria nosso modo de vida em pleno século 21?