As novelas passaram por diversas mudanças ao longo das décadas. Uma transformação importante foi o fato de autores deixarem de centrar as histórias apenas nos protagonistas. Núcleos secundários são tão ou mais atraentes do que os principais e, não raro, chegam a roubar a cena.
Em Flor do Caribe (2013) a rivalidade de Dionísio (Sérgio Mamberti) e Samuel (Juca de Oliveira) é quase uma novela à parte. De um lado, o carrasco nazista. De outro, um judeu que vive cheio de traumas do passado. Não fosse uma novela das 18h, a trama dessa dupla teria sido melhor explorada por Walther Negrão. Mas, aqui, cabe o respeito ao horário, solar demais para um drama tão obscuro.
Questões delicadas
Na novela A Força do Querer (2017), os dramas envolvendo personagens da comunidade LGBT+ são um acerto de Gloria Perez. Com uma abordagem sutil mas, ao mesmo tempo, intensa, a autora conta histórias como a de Nonato/Elis (Silvero Pereira), dividido entre duas identidades tão singulares. A transição de gênero de Ivana (Carol Duarte), que aos poucos adotou sua real condição de Ivan, levanta questões importantes sobre pessoas transexuais. A força de tantos outros personagens que orbitam em torno dos núcleos principais é um feito e tanto, poucas vezes visto em horário nobre.