Em tempos de pandemia, nada melhor do que uma série para nos fazer viajar sem sair de casa. Prepare-se, então, para encher os olhos com as exuberantes paisagens da ilha espanhola de Ibiza em White Lines, produção da Netflix que estreia nesta sexta-feira (15) com assinatura de Álex Pina, a mente por trás da badalada La Casa de Papel.
Esse é o primeiro projeto com ambições globais de Pina, até então autor apenas de produções locais. Em White Lines, o idioma predominante é o inglês, sem abandonar o sotaque hispânico e os ares de latinidade, tão presentes nos enredos criados pelo espanhol.
Embalada pelo ritmo frenético da música eletrônica, estilo musical que transformou Ibiza em um polo de festas e de liberdade na década de 90, a nova série tem uma trama misteriosa centrada no assassinato de um DJ britânico prodígio e que transita pelo universo das drogas, da corrupção e do sexo.
Na batida
GaúchaZH assistiu aos três primeiros episódios antes da estreia. A história é focada na britânica de Manchester Zoe (Laura Haddock), que convive com o dor do desaparecimento do irmão Axel Collins (Tom Rhys Harries) desde que ele decidiu ganhar a vida como DJ em Ibiza nos anos 1990.
Vinte anos depois, ele é encontrado morto e, na certeza de que houve um crime, Zoe decide percorrer os passos do irmão no paraíso turístico em busca dos culpados. Na Ibiza de hoje, mais luxuosa, com um forte mercado de tráfico de drogas e saturada pelo turismo, ela confronta os antigos amigos de Axel que, apesar de mais velhos, ainda mantêm a mesma mentalidade jovial e livre do passado. Um deles é o atrapalhado Marcus (Daniel Mays), que segue sua carreira como DJ em baladas de música eletrônica e se mete em apuros após vender cocaína de traficantes romenos.
Chama atenção a atuação do ator português Nuno Lopes, conhecido dos brasileiros por fazer parte do elenco de Esperança (2002). Na novela das seis da Globo, ele interpretou o estudante revolucionário José Manoel, fazendo par romântico com a atriz Maria Fernanda Cândido. Na série da Netflix, o português rouba a cena como Boxer, capanga de uma influente família da região que, apesar de suspeita, também tem interesse em saber quem matou o DJ.
Assim como uma batida de música eletrônica, a história de White Lines se desenvolve em várias nuances, com trechos ora mais acelerados, ora mais calmos. As emoções dos personagens e do telespectador também são colocadas à prova: em diversos momentos, o som de fundo some e a protagonista Zoe aparece sozinha em cena, olhando para tela, falando em tom de depoimento e desabafo.
Na jornada em busca do assassino, ela estreita os laços com o irmão morto, que aparece em flashes, como um fantasma, com trocas de olhares complacentes. Ao mesmo tempo, o mistério envolvendo o crime só aumenta à medida que todos em Ibiza aparentam ser suspeitos.
No início, White Lines provoca o mesmo frio na barriga de estar subindo numa montanha-russa. Apesar da certeza da descida, não sabemos o que vamos sentir no trajeto e o que encontraremos no final.