Contém spoilers
A terceira temporada de The Crown só estreia no próximo domingo (17), mas um episódio já está dando o que falar: o quinto, intitulado de Golpe, desenterrou um rumor antigo que, no passado, assombrou a coroa britânica: um possível romance entre a Rainha Elizabeth II e seu gerente de corrida de cavalos, lorde Porchester.
A imprensa britânica reacendeu o assunto após assistir ao episódio, por enquanto inédito, por meio da Netflix, que disponibilizou à imprensa a temporada — GaúchaZH também teve acesso à nova temporada com antecedência. Nele, vemos a rainha (Olivia Colman) viajando pelos Estados Unidos e pela França com Porchester (interpretado por John Hollingworth) para estudar técnicas de hipismo mais modernas e aplicar nos cavalos da coroa, conhecidos nas disputas de corridas.
The Crown não crava que o crush existiu de fato. Apenas mostra, de uma forma muito sutil e por meio de diálogos bem colocados, uma relação afetuosa entre os dois —
o suficiente para levantar a grande polêmica da temporada.
Na vida real, assim como na série, o affair nunca foi comprovado. Lorde Porchester e Elizabeth foram grandes amigos de infância, levando a rainha a apelidar o amigo de Porchie por conta da proximidade. Os dois eram vistos juntos com frequência nas corridas de cavalos. Ele foi o responsável pelos estábulos reais até sua morte, em 2001, e sua vida pessoal foi acompanhada de perto pela monarca: um dos três filhos do lorde, fruto de seu casamento com Jean Margaret Wallop em 1956, é afilhado da rainha.
Refém de uma sociedade machista?
Em Golpe, a monarca entra em uma espécie de bolha: enquanto um possível golpe era arquitetado em Londres contra o governo do primeiro-ministro Harold Wilson (Jason Watkins), a rainha viajava por fazendas para conhecer criadores de cavalos. Até a viagem ser interrompida pela trama política, Elizabeth II começa a sonhar com uma vida longe do peso da coroa e, consequentemente, da sua família.
A relação entre a rainha e Porchie é tratada com bastante afeto no seriado, com falas leves entre os dois, nenhuma relação de conflito e uma troca de olhares baseada na cumplicidade. Nada demais, até então, se os boatos de uma possível relação entre os dois nunca tivessem surgido.
Pelo ano em que a viagem aconteceu (1967), os rumores podem ter sido levantados pelo fato de uma mulher estar viajando sozinha com um homem sem a companhia do seu marido — uma atitude machista vivida por várias mulheres em todas as épocas —, mas que pode ter respingado até na influente figura da rainha da Inglaterra.
Ao retornar da viagem, já no final do episódio, Elizabeth tem uma conversa com o príncipe Philip, seu marido, que a questiona sobre a escolha de Porchie como gerente de corrida de cavalos da coroa.
— Então ele vai estar sempre por perto — diz Philip.
— Se eu tiver sorte — responde a rainha.
— Bom para você — rebate o príncipe.
— Bom para todos nós — complementa a monarca.
Após um período pensativo olhando para a rainha, Philip decide dar um beijo apaixonado na esposa. E o assunto é encerrado. Encerrado também pelo ex-secretário de imprensa da rainha Elizabeth, Dickie Arbiter, que chegou a procurar o jornal britânico The Sunday Times na semana passada para dizer que a série sugere algo deselegante, infundado e difamatório.
— A rainha é a última pessoa no mundo que sequer consideraria olhar para outro homem [...]. The Crown é ficção. Ninguém sabe das conversas entre os membros da família real, mas as pessoas vão contar a história como quiserem e vão fazê-lo de forma sensacionalista —disse Arbiter.
Já o Palácio de Buckingham nunca se manifestou sobre o assunto.