Na reta final de A Dona do Pedaço, novela das nove que terá seu último capítulo exibido nesta sexta-feira (22), estão previstos cinco casamentos. Entre eles, o de Agno (Malvino Salvador) e Leandro (Guilherme Leicam), casal gay que se encontrou de modo inesperado na trama de Walcyr Carrasco.
Agno é um empresário que rompeu com Lyris (Deborah Evelyn) e revelou a verdade: é homossexual e levava uma vida dupla. De início ganancioso e sempre preocupado em levar vantagem, o personagem tornou-se menos mesquinho com a chegada de Leandro, um ex-justiceiro que largou as armas para trabalhar como faxineiro em uma academia. Entre treinos e atividades físicas, os dois se cruzaram e ganharam o carinho dos espectadores, que esperam ver um beijo do casal nas últimas cenas da novela.
Em entrevista ao GaúchaZH, Malvino fala sobre as mudanças de Agno na trama e o sucesso de audiência de A Dona do Pedaço.
O que foi mais desafiador na construção do Agno?
Me diverti muito com o personagem. Em novelas e séries, onde a narrativa pede clímax, embates, romances, os personagens erráticos, dúbios e marginais são saborosíssimos. O arco dramático do Agno foi muito interessante. Ele se transformou pela aceitação de si mesmo e pelo amor, e busquei interpretar sem estereotipá-lo.
De onde acha que vem esse instinto do Agno de querer sempre sair por cima?
O Agno veio de um nível social mais baixo e se tornou bem-sucedido por mérito próprio. Ele se sente poderoso nesse sentido. Comanda uma empresa gigante. Esconder sua sexualidade por tanto tempo é um recalque muito grande. Esse ar de superioridade pode ter sido uma defesa e canaliza a energia exibindo sua autoconfiança.
Você acha que o casal Leandro e Agno faz sentido? Eles devem ficar juntos?
O Agno está experimentando o amor pela primeira vez. É uma história muito bonita, pois o Leandro ensinou o Agno a ser mais generoso. Acho que tem tudo a ver!
Qual a importância na dramaturgia de ver um casal gay na novela das nove? Como se sentiu diante desse papel?
É o produto de mais visibilidade do país. Atinge todas as classes. A dramaturgia tem o poder de explorar um contexto pelos sentimentos e penetrar no coração das pessoas. Assim, pode espelhar e empoderar aqueles que passam por situações semelhantes e também sensibilizar o espectador.
O que mais te incomoda na Fabiana (personagem de Nathalia Dill)? Qual é a pior característica dela?
A soberba. Mas a Fabiana, dentre os pecados capitais, só não tem a preguiça. É um ser desprezível! Parabéns a Nathalia que não censurou a personagem e arrebentou na atuação!
Por que você acha que o Agno insistiu tanto em tentar algo com o Rock (personagem de Caio Castro)?
O Agno tem uma sexualidade aflorada. Enquanto não tinha encontrado um parceiro duradouro, a válvula de escape era sair com os caras. O Rock foi uma atração explosiva e, como ele não cedia, virou fetiche conquistá-lo. No fim, o Rock se tornou um grande amigo.
Por que A Dona do Pedaço fez tanto sucesso?
Muitos fatores contribuíram para o sucesso. Apostou nos ingredientes fundamentais do gênero, teve uma trama muito rica e impactante logo nos primeiros capítulos. O melodrama e o humor couberam muito bem no enredo. As escolhas da direção e dos atores foram hábeis, com cada núcleo formado por personagens e tramas muito interessante. Foi ágil e divertida, enfim... Um sucesso!