Com uma história popular e repleta de personagens carismáticos, Walcyr Carrasco entregou ao público o que o público gosta de assistir. Uma trama leve — mas com toques dramáticos — conflitos entre pais e filhos, amores proibidos e polêmicas. Rechaçada pela crítica, mas amada pelos telespectadores, A Dona do Pedaço chega ao fim com um saldo positivo e entrega uma boa audiência para sua sucessora, Amor de Mãe.
Críticas à parte, o certo é que Maria da Paz (Juliana Paes) caiu na boca do povo e, para muitos, vai deixar saudade. Confira o que deu certo e o que não foi tão bom na novela:
No ponto
- Quem assistiu aos primeiros capítulos da novela não pode reclamar de tédio. Com um elenco estelar, que tinha Fernanda Montenegro, Luiz Carlos Vasconcelos e Jussara Freire em participações mais que especiais, a história de rivalidade entre as famílias Ramirez e Matheus empolgou. Foi tiro, porrada e muito romance, ou seja, emoções para todos os gostos.
- Juliana Paes nasceu para ser a boleira mais amada do Brasil. Apesar do jeito caricato no início da segunda fase, aos poucos, a atriz acertou o tom e deu show de talento. Destaque para as cenas mais recentes, da prisão e julgamento de Josiane (Agatha Moreira). Ju emocionou como a mãe que fez de tudo para criar a filha para o bem, mas viu seus esforços serem em vão.
- Paolla Oliveira se confundiu com Vivi Guedes ao longo da trama, em uma união perfeita de ficção e realidade. A digital influencer da novela chegou a "tomar o lugar" da atriz em uma campanha de carro. Vivi tomou conta da internet, com direito a um perfil no Instagram só pra ela. Paolla, lindíssima, brilhou a cada flash.
- Agno (Malvino Salvador) não era um modelo de caráter no início da trama. Pai ausente, gay enrustido que traía a esposa com vários homens, desonesto no trabalho... Ao ser "arrancado do armário" por Fabiana (Nathalia Dill), Agno evoluiu muito como ser humano. A história de amor com Leandro (Guilherme Leicam) levou o empresário para o caminho do bem, tornando-o um homem de família, além de ter sido o grande herói de Maria da Paz. Foi o personagem que mais evoluiu durante a história.
A massa desandou
- Depois de fugir da guerra entre as famílias no Espírito Santo, Maria da Paz construiu uma vida nova em São Paulo. E é aí que está o problema maior, apontado logo no início da nova fase. A protagonista mudou o tom — exagerou na voz, no sotaque e no figurino — destoando completamente de suas origens. Poderia ter sido uma transição mais sutil.
- Mãe é mãe, sempre existe uma certa "cegueira" em relação ao caráter dos filhos. Mas no caso de Maria da Paz, houve um certo exagero. Jô sempre deu mostras de que não era uma boa pessoa, exalava falsidade a cada "mãezinha" que dizia, mas ainda assim, Maria precisou ver para crer. Ou melhor, nem vendo ela acreditou, passou um tempo achando que a filhinha tinha sido seduzida por Régis.
- A romantização de Chiclete (Sergio Guizé) foi difícil de engolir. Matador de aluguel, com vários crimes nas costas, se redimiu graças ao amor por Vivi. Antes empoderada e cheia de si, a moça se tornou capacho de Camilo (Lee Taylor) para proteger Chiclete da cadeia. Ela merecia um homem mais íntegro e sem ficha corrida, não?
- Algumas situações repetitivas cansaram o público. Em todos os capítulos, Fabiana dizia a alguém que "cresceu em um convento", como se o elenco inteiro não soubesse desse detalhe. Do mesmo modo, Josiane usou e abusou do bordão "me chama de Jô" quando alguém proferia seu nome verdadeiro.