A Netflix informou, nesta terça-feira (28), que irá reconsiderar a realização de filmagens no Estado americano da Geórgia se sua lei antiaborto entrar em vigor. Esta medida faz da produtora o primeiro grande estúdio de Hollywood a criticar a polêmica medida.
— Temos muitas mulheres trabalhando em produções na Geórgia, cujos direitos, junto aos de outras milhões de pessoas, serão restringidos por esta lei — disse o chefe de conteúdos da Netflix, Ted Sarandos, em um comunicado à Variety.
— É por isso que trabalharemos com a ACLU [a principal ONG de direitos civis dos Estados Unidos] e outras organizações para a luta na Justiça. Dado que a lei ainda não foi implementada, continuaremos filmando lá, assim como apoiaremos nossos sócios e artistas que decidam não fazer isso. E se chegar a entrar em vigor, reconsideraremos todo o nosso investimento na Geórgia — advertiu.
A Geórgia é um dos vários Estados dos EUA que aprovaram recentemente duras legislações contra o aborto, que buscam a revogação da histórica decisão de 1973 da Suprema Corte, que legalizou a interrupção da gravidez em todo o país.
Após a aprovação e a sanção da chamada lei do "batimento cardíaco", que proíbe interromper a gravidez após seis semanas de gestação, estúdios estão avaliando a presença no Estado onde foram filmadas grandes produções da Marvel como Vingadores: Guerra Infinita e Pantera Negra, assim como The Walking Dead, do canal AMC.
No mesmo local, a Netflix produz Stranger Things, Ozark e Insatiable, com Alyssa Milano, uma das vozes que lidera o chamado ao boicote contra a Geórgia se a lei entrar em vigor.