Sempre que entrevisto alguém antes de uma final de competição importante, imagino candidatos nervosos e tensos. Mas não foi isso que aconteceu no The Voice Brasil, programa exibido pela RBS TV que terminou nesta quinta-feira (27). O time de finalistas da competição musical surpreendeu-me no papo nos bastidores antes da grande final. Léo Pain, Erica Natuza, Kevin NDjana e Isa Guera estavam muito calmos e eram unânimes em dizer que mesmo competindo o mais importante seria fazer um bom show e apresentar um lindo espetáculo para quem estivesse assistindo. E essa preocupação deles em "fazer com amor", como disseram, acabou se sobrepondo à disputa.
Nessa conversa pré-show, cada um deles também falou sobre pontos importantes vividos nessa experiência que certamente já mudou as suas vidas. Isa, que com apenas 19 anos já morou fora do país, destacou os sotaques diferentes dos companheiros desta sétima temporada, algo que a fez ter mais noção das ricas diferenças do Brasil, que ela conhece pouco. Kevin, que na semifinal mandou muito bem com Billie Jean, de Michael Jackson, ressaltou a importância de poder honrar os mestres da música negra que lhe inspiram pela representatividade e pela música, e também as pessoas próximas que lhe proporcionaram ter uma vivência musical, como a própria mãe, que amava Michael.
Erica Natuza disse que foram tantas trocas importantes que até esquecia que era uma competição. É com se eles formassem uma nova família, e agora são amigos que serão levados para sempre. E o nosso conterrâneo Léo Pain, em todos momentos em que conversamos, demonstrava a gratidão enorme que tem pelo povo do Rio Grande do Sul e o orgulho de ter chegado até a final com a força dos votos e por todo o carinho que recebe via redes sociais, e não são poucos os seus fãs… Milhares, aliás.
O The Voice Brasil visto de perto, com suas "engrenagens" funcionando, é como um relógio: absolutamente tudo, tem sua hora para acontecer e tudo sai certo. Tem o aquece divertidíssimo do público antes de começar o programa para garantir aquela animação durante o ao vivo, tam as trocas de cenários cronometrados que nem se percebe em casa, tem os retornos dos técnicos. Tudo rápido e no tempo determinado, mas sem acabar com a magia de quem está acompanhando tudo de perto. É bacana ouvir a tal "voz do além" do diretor ao microfone agradecendo a presença de todos e dizendo para que "todos se divirtam". Dá realmente a impressão de ser uma peça importante nesse programa já tão querido no país, toda equipe nos faz ter essa sensação.
O The Voice Brasil é uma programa que consegue promover aquele friozinho na barriga de quem está em casa e em quem está na plateia. E entre ver em casa e ver no estúdio, uma das coisas que mais me chamou a atenção é poder ver de perto o brilho no olho de cada técnico com cada um dos candidatos sendo do seu time ou não. Aqueles artistas, com suas bagagens de qualidade indiscutível, poderiam tranquilamente estar ali cumprindo uma última etapa contratual - e ok se estivessem. Mas percebe-se o interesse deles em cada apresentação e a animação real nas suas apresentações individuais. E quando um vídeo relembra o melhores momentos desses técnicos/jurados no programa, a emoção que toma conta - e é vista até no rosto do pessoal da produção que sai dos bastidores para reviver esses momentos - é a confirmação de que a minha sensação de estar sendo bem-recebida é real e não efeito das luzes.
Claro que a vitória de Léo Pain foi especial. Ver a cumplicidade e o olho no olho entre ele e o técnico Michel Teló no final foi lindo. Ver a família dele, a mãe, a irmã e a esposa do Léo celebrando online pelo celular com a cidade de Alegrete, ainda dentro do estúdio, foi emocionante. Mas o mais forte de ter presenciado tudo isso de perto foi ver diferentes artistas, com histórias e trajetórias diversas tendo espaço de qualidade e o fortalecimento dos seus talentos, das suas raízes musicais para sempre. Então, se "as vozes", como os competidores são chamados, ganham, toda a música do nosso país ganha também. Saí dos Estúdio Globo assim, me sentindo uma vencedora.