Não tá fácil torcer para gaúcho. O Grêmio está há quase 15 anos sem títulos, o Inter, neste Brasileirão, entrou numa crise desgraçada ao acumular nove jogos sem vitória, a banda Valente parou no top 5 do Superstar e, agora, o Fábio teve o mesmo desfecho no MasterChef Brasil. O modelo gaúcho de 30 anos foi eliminado no episódio desta terça-feira, deixando na competição as mineiras Bruna e Raquel e os paulistas Leo e Luriana.
Falando em futebol, eu já estou sentindo o peso da longa temporada. Foi a 21ª terça-feira em que fui dormir perto da 1h (mentira: teve uns dois programas em que peguei no sono antes de acabar), e desde o final de abril venho acordando por volta das 7h de quarta-feira para vir aqui e escrever para vocês. Quando inventaram de exibir dois episódios por semana, achei que eu fosse ter um treco. Mas agora está tudo sob controle, e no dia 23 de agosto acaba a brincadeira.
Falando em futebol ainda: vocês não acharam o começo do episódio desta terça com uma cara de partida decisiva de mata-mata? A caixa misteriosa revelou para os concorrentes cartinhas da família, eles e nós assistimos a vídeos motivacionais gravados por pais e irmãos, e todos os participantes caíram no choro. Simpatizei com a mãe da Luriana, achei meio over o pai da Raquel e me emocionei quando apareceram a mana e a bebê sobrinha do Fábio. Aliás, assim como a mãe do gaúcho foi espirituosa ao lembrar do frango perfeito, sua irmã também soube provocar sorriso ao dizer que a guriazinha estava esperando uma receita do tio.
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Falando em futebol e juntando os dois assuntos anteriores: lembro bem da estreia do Fábio no MasterChef, lá em março. Chegou anunciando aos jurados que iria preparar um frango perfeito. Por bairrismo, ele provavelmente contaria com minha torcida até o fim da temporada (salvo se se mostrasse um desastre ou um pulha), mas admito que essa rima de autoconfiança com arrogância me deixou com pé atrás. É o tipo de postura que não pega bem nos vestiários do futebol, onde impera a lei do indivíduo a serviço do coletivo – não à toa, vocês já devem ter reparado nas entrevistas à beira do gramado, os jogadores falam no plural mesmo quando estão falando sobre si próprios. Fábio não tinha pudores em seu autoelogiar, mas foi mostrando ao longo do programa que tinha talento para isso e que não era cego quanto a seus erros. Acho que conquistou alguma popularidade com sua serenidade e sua simplicidade.
Seguindo na analogia com o futebol: a eliminação do Fábio foi numa espécie de decisão por pênaltis. Na prova das PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), como ora-pro-nóbis, alcachofra-de-jerusalém e lambari-de-folha – tudo-coisa-de-que-eu-nunca-ouvi-falar –, Fábio e Luriana cometeram erros. Paola, a juíza, depois de falar sobre sabor, apresentação, técnica, atribuiu o desempate ao que chamou de coerência. De fato, o prato da Luriana exalava harmonia, e o do gaúcho parecia desconjuntado, a omelete não conversava muito com a cevadinha. Seja como for, ele sentiu o baque – e aí, por ironia, sua reação me pareceu muito coerente: naturalmente, alguém que entra no MasterChef vendendo um frango perfeito fica puto da cara de não chegar à final. Fábio não se dissolveu em lágrimas, como outros eliminados, nem fez de sua despedida um carnaval, como Lee. Pode-se dizer que seu rosto estava impassivo, e que talvez por dentro ele estivesse rebobinando a fita para examinar onde foi que errou. Ele deve ter se cobrado bastante, tanto é que, no papo com a Ana Paula Padrão, lamentou:
– Muita gente me ajudou a estar aqui. Difícil voltar para casa e dizer que perdi.
Que pelo menos Fábio tenha guardado as queridas palavras do chef Jacquin, ditas com um olhar de genuína admiração:
– Você é um bom cozinheiro e você é um bom menino.
P.S. 1: n'A Prévia, Lee enfim foi Lee – fez um ravioli de pescoço de galinha.
P.S. 2: acho que foi o melhor figurino da Ana Paula Padrão.
P.S. 3: que vontade de devorar aquela torta de frango da Bruna, com a torta de maçã da Luriana de sobremesa.
P.S. 4: Raquel tentou fazer humor. Não rola.