Para o vocalista Pedro Verissimo, a Tom Bloch começou “meio ao contrário”. As músicas nasceram como uma “brincadeira de estúdio”, explorando os recursos que um programa de computador, novidade em 1998, poderia oferecer. A banda foi se formando aos poucos e, quando pisou no palco do Porto de Elis, em 25 de novembro de 1999, já tinha até clipe lançado:
– Fizemos o primeiro show com a embalagem impecável: demo (Demo Deluxe), videoclipe, iluminação diferentona… e nenhuma experiência de palco, que dirá juntos. Tenho certeza que o show foi um horror, mas a minha lembrança é bem mais gentil. Lembro da casa totalmente cheia e do público muito animado – conta o músico.
Esta segunda-feira marca os 20 anos daquela apresentação que, horrível ou não, originou uma banda que ajudou a desenhar a cena alternativa porto-alegrense naquela virada de década. Para comemorar, o grupo se reunirá após seis anos sem tocar junto.
O cenário é o palco do Ocidente, hoje, às 22h, e o repertório será uma viagem retrospectiva pelos dois discos da banda.
Misturando grunge e música eletrônica, a Tom Bloch tocava um pop rock eletrônico algo sombrio. Chamou a atenção antes mesmo do primeiro disco, graças ao clipe de Nossa Senhora, que concorreu à premiação Video Music Brasil (VMB), da MTV, em 2000.
– Se a cena fosse uma família, acho que seríamos aquele primo meio depressivo, de poucos amigos e sempre de preto. Ainda mais em comparação com as outras bandas que despontavam naquele momento: a energia atômica da Bidê ou Balde e da Video Hits, a musculatura dos Walverdes – define Verissimo.
Transformações
O disco de estreia, Tom Bloch, veio em 2003, pela gravadora paulista Trama. Nessa época, a banda chegou a ser um sexteto, mas quando gravou o disco 2 (2008, Som Livre), era uma dupla formada por Verissimo e pelo baterista Iuri Freiberger, ambos radicados no Rio de Janeiro. Depois de algumas turnês, o grupo se dispersou.
– Tivemos a sorte e o azar de surgir num tempo de mudança de plataforma, com o segundo álbum lançado por uma gravadora que, mesmo grande, não sabia bem como lidar com mp3 e a queda do formato físico – reflete o compositor.
Depois disso cada integrante seguiu seu caminho. Verissimo permaneceu no Rio, gravou um disco solo e hoje se apresenta com a Marmota Jazz. Freiberger produziu gravações pelo Brasil e o baixista Guilherme Dable, outro membro da formação original, é artista plástico – são dele os cartazes que estarão à venda no show.
A banda que toca hoje inclui o trio e ainda o guitarrista Luciano Granja, que tocou com o grupo em diferentes momentos, e participações especiais de Jojô da Silva (teclado), Lidia Pessoa (baixo), Gustavo Mini e Juliano Faerman – ambos guitarristas e membros originais.
– Quando me perguntam sobre a Tom Bloch, sempre digo que a banda está viva mas em coma induzido. Às vezes, acorda pra shows especiais como esse. Quem sabe fica desperta por mais algum tempo… é como no começo, sem planos – conclui Verissimo.
Programe-se
Quando: Segunda (25), às 22h
Onde: Ocidente (João Telles esq. Osvaldo Aranha)
Ingressos: R$ 30 (promocional, com a doação de 1kg de alimento não perecível), R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada) à venda em sympla.com.br.