Considerado um dos pianistas brasileiros de maior renome internacional, Miguel Proença foi exonerado do cargo de presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte). O ministro da Casal Civil, Onyx Lorenzoni, assinou a decisão que foi publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (4).
Proença assumiu em fevereiro o cargo no órgão ligado ao Ministério da Cidadania, substituindo o ator e político Stepan Nercessian. Antes de assumir a presidência da Funarte, o pianista era diretor da Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro.
A exoneração de Proença ocorre após ele se posicionar a favor da atriz Fernanda Montenegro. Em setembro, o diretor do Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da fundação, o dramaturgo Roberto Alvim, chamou a atriz de "mentirosa" e afirmou que sentia "desprezo" por ela nas redes sociais.
Proença disse estar "completamente chocado" com o posicionamento de Alvim. Em uma entrevista ao jornal O Globo, ele afirmou ter encaminhado um pedido de desculpas à atriz em nome da instituição, além de ter requisitado uma audiência com o ministro da Cidadania, Osmar Terra, para "tomar previdências".
É justamente Alvim o principal cotado para assumir o lugar de Proença. Na semana passada, segundo relatos feitos à Folha de S.Paulo, o presidente Jair Bolsonaro tratou a possibilidade com Alvim, em audiência no Palácio do Planalto. O tema já havia sido discutido entre Bolsonaro e Terra, em viagem à China, na semana retrasada. Eles devem bater o martelo em audiência nesta segunda (4).
Antes de assumir o cargo de diretor, Alvim comandava o Clube Noir, renomado espaço teatral em São Paulo, até a casa ter as atividades encerradas neste ano - declínio que ele atribui a um boicote promovido pela esquerda após assumir-se de direita.
Há três anos, ele dirigiu a montagem Leite Derramado, baseada no romance homônimo do compositor Chico Buarque. Se na época Alvim era próximo de Chico, hoje considera que a aproximação de Bolsonaro representa o fim de sua carreira no teatro.
Além da mudança da Funarte, o presidente avalia tirar a secretaria especial de Cultura da Cidadania e transferi-la para a Educação, de Abraham Weintraub, ou para Direitos Humanos, de Damares Alves.