Em Órfãos da Terra, nova novela da faixa das seis da Globo, Eli Ferreira é Marie, uma refugiada que chegou ao Brasil após perder o marido em uma guerra civil.
— Ela foi baleada e ficou em coma durante um tempo —, adianta Eli sobre a personagem.
—E acredita ter perdido o filho também. Aqui, ela conhece o Jean-Baptiste (Blaise Musipère), um refugiado haitiano que é namorado dela, e aos poucos vai abrindo o seu salão de beleza, onde vai empregar a Laila (Julia Dalavia).
Em entrevista à Folha de S.Paulo, a atriz conta que as preparações da personagem começaram em meados de dezembro e contaram com a ajuda de uma professora de prosódia congolesa, que a acompanha até hoje.
—O sotaque deles é de francês, mas não como o de um parisiense. A minha preparadora me tira dúvidas de como falar algumas palavras, porque é algo bem diferente, principalmente em algumas sílabas e o som do "R".
A novela é gravada no Rio de Janeiro, mas tem como plano de fundo o bairro da Vila Mariana, em São Paulo. Eli chegou a passar uma semana entre os paulistas, onde visitou um centro de refugiados para criar veracidade ao drama de sua personagem.
— Conversei com refugiados sobre a situação deles, sobre como foi a vinda deles. Muitos vieram na verdade antes da guerra atingir onde viviam. Outros vinham sem nem saber que estavam vindo para o Brasil —, conta.
— Eles passaram por coisas tão absurdas que é completamente longe da nossa realidade.
Ainda sobre a preparação da personagem, ela diz ter assistido a documentários sobre a Guerra do Congo e ter se chocado com a questão do estupro ser usado como uma arma de guerra no país.
— Essa minha personagem pode ter passado por tudo isso ou não — diz.
Com cerca de 20 capítulos gravados, a carioca também disse que fez o próprio cabelo da personagem na novela. Ela conta que, após 18 anos usando química no cabelo, resolveu mudar.
— Foi depois que terminei Tempo de Amar. Usei química pela última vez em em janeiro de 2018. Tirei e falei: "Não quero mais". No final do ano, me vi com o cabelo deste tamanho, sem química, e pensei: "Que liberdade".
Em conversa com Gustavo Fernandéz, que assina a direção artística da novela, a atriz revelou o desejo de não ter que relaxar o cabelo — e o pedido foi respeitado.
— Hoje eu mesma faço as minhas tranças. Já vi vídeos ensinando como fazer e levo uma hora e meia trançando. Coloco um espelho atrás e um na frente, e vou fazendo — explica.
Com as melhores expectativas para a novela, Eli diz que interpretar a personagem está sendo desafiador.
— É uma das personagens mais distantes de mim. Ela tem 30 anos, é mais velha que eu, tem filho e marido. O máximo que tive perto disso é o meu irmão de nove anos, que ensaia o roteiro comigo.