No próximo final de semana, o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) vai escolher, durante o Congresso Tradicionalista, em São Borja, os novos membros do seu Conselho Diretor e da Junta Fiscal. Entre eles, estará o novo presidente, que liderará a instituição por um ano.
Em 2019, duas pessoas chapas estão inscritas. Seus líderes são Nairo Callegaro, atual presidente, e Elenir Winck, atual vice-presidente de administração e finanças. Entenda como funciona a eleição e confira entrevistas com os candidatos.
"Nós precisamos engajar o tradicionalismo"
Elenir Winck, atual vice-presidente de administração e finanças. Ela pode ser a primeira mulher a presidir o movimento.
Participas do movimento há muitos anos. Como decidiste concorrer à presidência?
Participo do movimento desde a minha infância. Fui diretora cultura no meu CTG, diretora cultura da 9ª Região Tradicionalista (RT). No MTG, participo mais efetivamente desde 2014, como conselheira, vice-presidente de Cultura e, em 2017 e 2018, vice-presidente de administração. Tenho uma caminhada muito grande, e venho me preparando para ser candidata à presidência. Meu aprendizado já vem de muito tempo. Tenho certeza de que preciso aprender muito mais. Mas, com o auxílio de todos os tradicionalistas, podemos, acada dia, tentar fazer o melhor pelo MTG.
Quais são as tuas propostas?
Nossa equipe possui 17 objetivos a serem trabalhados. Mas pretendemos, primeiramente, voltar nosso olhar para as bases, que são nossas entidades tradicionalistas. Queremos dar especial atenção para elas. Também vamos olhar para as crianças e os jovens. A ideia é fazer um trabalho em parceria com a sociedade, buscando o setor educacional, para trabalharmos juntos. Com isso, podemos integrar o movimento como um todo.
Como encaras o desafio de, se vencer, ser a primeira mulher a dirigir o MTG?
Entendo que este não é um trabalho fácil, independentemente de ser homem ou mulher. Mas, se trabalhar em equipe, com o olhar voltado para o que é correto, tenho a certeza de que vou conseguir fazer um bom traalho. Se eu tiver a oportunidade de liderar este movimento, eu quero liderar um trabalho com amor, respeito, exemplo e humildade.
Sabemos que a sociedade evolui muito nos campos ético, moral e tecnológico. Disto vai depender o futuro do nosso movimento. Nós precisamos engajar o tradicionalismo, com suas características, suas deficiências e seu estilo próprio, sem desconsiderar as mudanças pelas quais a sociedade vem passando. É uma questão complexa, mas, com amor e respeito, chegamos até aqui. E vamos continuar.
"O movimento estava estagnado"
Nairo Callegaro é o atual presidente do MTG. Ele concorre ao quarto mandato.
Como foi, até hoje, a experiência de ser presidente do MTG?
Para mim, que sou do meio tradicionalista desde criança, foi uma experiência muito enriquecedora ser presidente do MTG. Eu já havia ocupado, aos 20 anos, em 1986, o cargo de Secretário Geral, mas foi diferente. Aprendi muito sobre o que é o MTG, o que ele está fazendo, o que ele deveria fazer e não faz. Às vezes, a sociedade pergunta isso e não encontra estas respostas, porque elas não são externadas à sociedade. Eu procurei trabalhar muito isso, pois entendo que o tradicionalismo deve ser de todos, deve ser do povo.
Como avalias o teu trabalho até aqui?
Entendi o funcionamento do MTG internamente e com a sociedade. Meu grande desafio foi desconstruir alguns pontos, tirar pessoas da zona de conforto e construir um MTG aberto para toda a sociedade, que preze o diálogo, as bolas relações com as entidades. Nisso, avançamos muito. O MTG é protagonista de pautas positivas perante a sociedade.
Posso dizer que minha principal conquista foi reaproximar o MTG do Paixão Côrtes (1927 - 2018). Eu, como tradicionalista que aprendeu a dançar com o livrinho escrito por ele e pelo Barbosa Lessa (1929 - 2002), não entendia o afastamento dele do movimento que ele mesmo criou. Também mudamos a avaliação de concurso, que passou a ser mais tecnológica, aproximamos o MTG de empresas e do Conselho de Cultura do Estado, mudamos o modelo de execução de eventos, que antes dependiam muito de verbas públicas. Foi um processo de renovação, de atualização para o momento que a sociedade vive hoje. O movimento estava muito estagnado.
Quais são as tuas propostas para o próximo mandato, se eleito?
Continuar estabelecendo estas mudanças efetivas. Uma delas, que começamos e pretendemos continuar, é a plataforma de mídias e comunicação. Estabelecemos um novo jornal, o Eco da Tradição, mudamos a transmição do Enart, a relação com a mídia. Estamos neste processo. Uma das metas para 2019 é fazer as eleições regionalizadas. Queremos que as eleições aconteçam, ao mesmo tempo, nas 30 Regiões Tradicionalistas. O maior congresso do MTG até hoje teve apenas 900 votos, num universo de 3 mil votos possívels. Isto é muito pouco para uma instituição que tem uma abrangência e uma função social muito grande. Queremos ampliar o departamento jurídico, para que possa auxiliar as entidades, e dar mais oportunidades para a juventude, além de aproximar o MTG dos CTGs e da comunidade.
Como funciona
— As eleições ocorrem no dia 12 de janeiro, no Congresso Tradicionalista, em São Borja.
— Têm direito a voto os delegados-eleitores de cada entidade filiada. As entidades em dia com suas obrigações terão direito a credenciar delegados-eleitores, sendo dois delegados-eleitores para entidade de participação plena e um delegado-eleitor para entidade de participação parcial.
— As chapas inscritas devem possuir candidatos a todos os postos do Conselho Diretor (16 ou 17 titulares e 16 suplentes) e na Junta Fiscal (3 titulares e 3 suplentes).
— O mandato é de um ano.