Estes são os dias dos 50 anos de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, o álbum icônico dos Beatles. Aquele lançamento mundial de 1967 alterou a percepção que se tinha dos Beatles e veio reverberando através das décadas.
Neste tempo, Sgt. Pepper's se classicizou e envelheceu com a elegância que todos esperamos de nossas próprias vidas. Naquela época e no mesmo terreno, houve álbuns igualmente importantes: Pet Sounds, dos Beach Boys, vem logo à cabeça, ou Their Satanic Majesties Request, dos Rolling Stones. Mas só Sgt. Pepper's é verdadeiramente icônico.
Tanto assim que a Universidade de Cambridge, ao publicar seus guias das obras fundamentais da música, plantou Sgt. Pepper's bem no meio de outros "B" ilustres: os Concertos de Brandemburgo de Bach e o Concerto para Orquestra de Béla Bartók de um lado, a Nona Sinfonia de Beethoven e o Romeu e Julieta de Berlioz de outro. Decisão polêmica, colocar Beatles ombro a ombro com Bach e Beethoven. Mas é óbvio: Sgt.Pepper's é um clássico e não há como dar conta da música do final do século passado sem passar por ele.
Ouvi o álbum dos Beatles pela primeira vez ali mesmo em 1967, numa aula de colégio. Aula de inglês, para a qual as imagens poéticas bem contorcidas de Lucy in the Sky wth Diamonds ou A Day in the Life serviam à maravilha. Descobri que eu estava cercado de beatlemaníacos e, naquela companhia, Sgt. Pepper's foi crescendo de estatura, talvez até hoje.
Também para mim o álbum simbolizará para sempre um tempo específico, com suas memórias e suas paisagens.
Mesmo agora, 50 anos depois, o lançamento dos rascunhos das gravações com múltiplas – e desconhecidas – versões das canções já tão mastigadas reacende o interesse. Por alguns momentos, Sgt. Pepper's volta a ser novo, e os Beatles voltam a ser modernos. Ou pós-modernos. Ou o que seja. A primeira versão em CD do álbum foi lançado em 1987. Eram só os 20 anos do álbum da capa repleta de figuras famosas e de significado enigmático. Agora, são 50.