O figurino de Anitta, no Planeta Atlântida, "causou" no fíndi passado. De oncinha lilás e maiô cavado, ela despertou comentários ensandecidos nas redes sociais – muitos detonando a cantora.
Mas Beto Zambonato, coordenador de figurino da RBS TV há nove anos, defende a musa:
– Somos todos Anitta! Entenda o porquê desta sua opinião e saiba mais sobre o trabalho deste mestre do estilo.
Aqui Entre Nós – Anitta foi bem na escolha do figurino?
Beto Zambonato – Vulgaridade é uma palavra que nunca cabe. Não deveria existir mais porque é de uma moralidade antiquada, castrante. Maiô e minissaia já foram vulgares – imagina só! Essa história de vulgaridade caiu em benefício de uma observação mais lúcida. Somos todos Anitta.
Aqui – Mas teve uma mulherada criticando a cantora.
Beto – São as Anittas frustradas. Há uma falta de coragem de fazer o que se tem vontade. Ela estava lá, com uma estética de showbiz, seguindo as grandes estrelas como Mariah Carey. E não vestia uma criação feita no fundo de casa. Estava de Amir Slama (estilista consagrado, responsável pela construção da marca de moda praia Rosa Chá). Com aquele maiô alto, Anitta segurou até a barriguinha. Poderosa, era como se gritasse pela sua liberdade de expressão. Não sei o que chocou tanto e por que existe esse controle das pessoas pelo que os outros vestem. Estilo é uma caixa cheia de liberdade. Anitta tá fazendo o estilo dela, que é o ostentação. Está consciente de que provoca, ou de que precisa provocar. A partir de agora, vamos observar mais Anitta. Isto é se jogar no mundo das celebridades! Ela não canta muito bem, não é tão bonita, mas, juntando tudo, dá um baita caldo!
Aqui – Como é vestir as estrelas da tevê em um contexto profissional muito mais sóbrio?
Beto – Eu tenho que entender o figurino e saber antes: em que ambiente a pessoa vai estar, com quem e a que horas. Hoje, o meu maior desafio é figurar esse avanço que "uma" Anitta propõe e que traz um efeito para todas as mulheres. Aqui (na tevê), brinco que sou o Beto zelador, porque a roupa não pode ficar mais em evidência do que a notícia. O resto deve ser coadjuvante. E, sobretudo, devemos passar credibilidade.
Aqui – Mas a personalidade aparece de alguma forma, mesmo quando se busca evidenciar a notícia?
Beto – Sim, por algum poro, ela vai respirar. A Cristina Ranzolin é exuberante, sem culpa, não tem "nãos". Tudo, para ela, está ótimo, fica um luxo!
Aqui – Qualquer mulher pode ser Anitta, mesmo fora dos palcos?
Beto – Pode! Aí, vai da confiança, da autoestima, se ela se banca. Não gosto dessa história de personal stylist (profissional que orienta o estilo de alguém se vestir e o que vai compor o seu guarda-roupa) porque é quem está se vestindo que tem de aprender a ler a roupa e a se conhecer. Este papo, então, "do que está se usando" é a coisa mais absurda!
Aqui – Assim como essa onda de blogueiras e mulheres copiando as famosas?Beto – Como tu vais copiar a outra? Isto pode, sim, te estimular a buscar as tuas inspirações, mas cada uma tem a sua vida, o seu trajeto. Copiar, nunca! Só que não é fácil fazer este caminho, porque a mulher vai ter que se conhecer e fazer valer a escolha dela.
Aqui – Dá pra se vestir bem com pouca grana?
Beto – Não tem a ver com dinheiro, tem a ver com segurança. Não dá pra terceirizar todas as escolhas. Seja protagonista de tudo na sua vida.