Os clássicos resistem ao tempo – e às crises. Pelo menos é assim em Pelotas, cidade que recebe a partir desta segunda-feira o 7º Festival Internacional Sesc de Música. O evento não foi abalado pela retração econômica e manteve o orçamento de suas últimas duas edições. São, no total, R$ 1,2 milhão para
12 dias de celebração à música erudita, com 47 espetáculos e artistas
gabaritados de 16 países.
Depois de um ano em que encontros musicais já tradicionais sofreram baques no Brasil, como o cancelamento da 35ª Oficina de Música de Curitiba e o encolhimento do 47º Festival de Campos de Jordão, a manutenção do festival na zona sul do Estado é comemorada pelos organizadores.
– A continuidade de eventos como esse demonstra a valorização da música por parte do público e das instituições – avalia o maestro Evandro Matté, coordenador artístico do festival. – Pelotas ganhou projeção cultural internacional. Quando participo de eventos na América do Sul, muitos estudantes me procuram para saber mais a respeito do festival.
O início da sétima edição está marcado para as 18h desta segunda, em um cortejo musical pelas ruas da cidade, partindo do Largo do Mercado Público, com atrações que estarão presentes na programação do evento. Já às 20h30min, haverá um concerto com a Orquestra Unisinos Anchieta sob a regência de Matté e com a participação do grupo instrumental Quartchêto e do acordeonista Luciano Maia como solista. É apenas o início do que será uma longa maratona de recitais e grandes apresentações que ocuparão casarões antigos, teatros, igrejas, parques e outros locais da cidade. Todas as atividades têm entrada franca (confira uma seleção de destaques abaixo, e a programação completa
no site sesc-re.com.br/festival).
Entre as atrações, destacam-se o grupo carioca PianOrquestra, com a curiosa performance a 10 mãos em um único piano, nesta terça-feira, às 20h30min, no Theatro Guarany; um recital com clássicos do jazz executados pela Orquestra de Câmara do Festival, no sábado, às 21h, na Praia do Laranjal; o concerto de encerramento, com a cantata Carmina Burana tocada pela Orquestra Acadêmica do Festival, no dia 27, às 20h30min, no Largo do Mercado Público; além de concertos diários com músicos de câmara internacionais na Bibliotheca Pública.
Centenas de estudantes de música de várias procedências são aguardados na cidade, participando de aulas com mestres nacionais e internacionais. São 220 alunos com bolsas integrais (aulas, transporte, alimentação e hospedagem) e 40 com parciais (sem hospedagem).
– Nosso festival é pensado em dois eixos. Um deles é sócio-cultural, com a preocupação de engajar a comunidade em torno da música, com recitais e concertos. O outro é pedagógico, direcionado a qualificar estudantes e profissionais da música, com extensa agenda de aulas e troca de experiências
– explica Silvio Bento, gerente de cultura do Sesc/RS.
Além de estudantes de diferentes regiões do Brasil e de países vizinhos, o evento também acolherá como alunos jovens de um projeto local de formação em música. Membros da Orquestra Estudantil do Areal, da Escola Estadual de Ensino Médio Areal, participarão das aulas e do programa de recitais do festival – no dia 23, às 19h, o grupo tocará na Igreja São José, no bairro Fragata.
– Esta é uma novidade importante: abrimos espaço na programação para um projeto social local. É importante integrar o evento com a comunidade – afirma Silvio Bento.
ALGUMAS ATRAÇÕES:
Orquestra Unisinos Anchieta e Quartchêto – Parceria de uma das mais destacadas orquestras gaúchas dos últimos anos com um grupo que é
expoente da música instrumental local. Nesta segunda, no Theatro Guarany (Lobo da Costa, 849), com regência de Evandro Matté e o solista Luciano
Maia (acordeom).
PianOrquestra – Um dos grupos mais inovadores da música instrumental brasileira, o grupo carioca é composto por quatro pianistas e um percussionista. O concerto será nesta terça, às 20h30min, no Theatro Guarany.
Quinteto Oblivion – De Gardel a Piazzolla, o repertório do grupo é dedicado aos clássicos do tango, em suas vertentes tradicional e moderna. Formado entre o Brasil e a Argentina, o Quinteto Oblivion é composto por músicos e dançarinos. É a atração de quarta-feira, também às 20h30min, no Theatro Guarany.
Projeto Ópera na UFRGS – O Theatro Guarany recebe na quinta, no mesmo horário, este projeto que apresentará o espetáculo cênico-musical Tempos de Solidão: Missa do Orfanato, com base na obra de Mozart. Regência: Diego Biasibetti.
Banda Sinfônica Acadêmica – Com regência do carioca Marcelo Jardim, o grupo tradicionalmente formado por alunos do festival e solistas convidados costuma preparar seu repertório durante a realização do evento. Nesta edição, haverá apresentações nesta sexta-feira, às 20h30min, na Catedral de Pelotas (Praça José Bonifácio, 15), e na quinta da semana que vem, dia 26, às 20h30min, no Theatro Guarany.
Orquestra de Câmara do Festival – Com regência de Evandro Matté, a orquestra do próprio evento fará um concerto na Praia do Laranjal, neste sábado, às 21h, em homenagem ao jazz, com standards do gênero e a presença da solista
Debora Neto.
Orquestra Acadêmica do Festival – Encerrando o evento, às 20h30min da sexta-feira da semana que vem, dia 27, a orquestra formada por alunos do evento e um coral apresentará a cantata Carmina Burana, de Carl Orff. A regência será de Evandro Matté, com Eiko Senda (soprano japonesa), Flávio Leite (tenor brasileiro) e Federico Sanguinetti (barítono uruguaio) como solistas.
INGRESSOS:
Todos os espetáculos têm entrada franca, por ordem de chegada, exceto os concertos do Theatro Guarany, para os quais deve-se retirar ingressos antecipadamente no Sesc (Rua Gonçalves Chaves, 914), de segunda a sexta, das 8h às 20h e sábado das 8h às 12h, conforme o seguinte cronograma:
Segunda (16) e terça (17) – Retirada de ingressos para os espetáculos de segunda e de terça-feira, dias 16 e 17.
De segunda (16) a sexta (20) e no dia 23 – Espetáculos de 18 a 23 de janeiro.
De 23 a 26 de janeiro – Espetáculos de 24 a 26 de janeiro.