Clarice Falcão já estava de malas prontas para sair de férias quando apertou o botão que subiu ao YouTube a versão final do videoclipe de Eu Escolhi Você, faixa de seu segundo disco, Problema Meu – o primeiro lançado depois de anunciar sua saída do grupo de humor Porta dos Fundos, que a elevou ao patamar de celebridade. Horas depois, mesmo contra sua vontade, foi inevitável ser engolfada pela agitação que tomou conta das redes sociais.
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É que o clipe, idealizado e filmado pela atriz com ajuda de amigos, é composto basicamente por imagens de vaginas e pênis. Foi pensado após um sonho, diz Clarice, "cheio de peru". Filmadas em close-up, as genitálias – dezenas, nas mais variadas formas – balançam para lá e para cá no ritmo da música (um folk pop alegrinho, o chamado “fofolk”), adornados por paetês, máscaras e boias de piscina. Em menos de um dia, o videoclipe já havia se tornado o assunto mais comentado do Twitter, gerado incontáveis textões no Facebook e sido retirado da plataforma de vídeos por "violar as políticas do site sobre nudez ou conteúdo sexual".
– Nunca esperei uma reação nesse nível – diz a cantora a Zero Hora. – É um clipe bobo, não tem nada de revolucionário. Não mostra nada de novo, é um negócio que todo mundo tem e todo mundo sabe que todo mundo tem. Não sei qual a novidade que eu trouxe.
Agora, o nome de Clarice passou a integrar a mesma categoria de personalidades como Chico Buarque, Jô Soares ou Danilo Gentili: basta que seja citado para despertar paixão ou ira. Mas a polêmica parece não abalar a cantora, acostumada às intempéries do trabalho de um humorista e, no entanto, também calejada na agressividade do público por conta de episódios como o namoro com o também humorista Gregório Duvivier – e o texto dele na Folha de S. Paulo sobre o fim do relacionamento –, além do recente clipe de Survivor, espécie de manifesto feminista da cantora.
"Espero que você morra de aids antes do Natal", por exemplo, é um dos comentários sobre Eu Escolhi Você que Clarice lembra:
– Temos que prestar atenção na reação que o clipe causou, e não nele. Sempre deixei claro, em todas as vezes que o divulguei, que continha nudez. Entrou quem queria entrar. Isso diz muito mais sobre as pessoas do que sobre o vídeo, tanto que a reação foi muito dividida. Teve gente que falou “que ótimo, mostrei para a minha filha e é maravilhoso ela poder ter essa relação dessexualizada com o órgão genital”.