Saudade é o sabor que vem à boca a cada episódio de MasterChef Brasil. Eu olho para os concorrentes e não enxergo sombra do carisma dos participantes da segunda temporada. No ano passado, éramos brindados a cada noite de terça-feira, madrugada de quarta, com a inventividade da Jiang – tanto nos pratos quanto no idioma –, com o tempero e o temperamento do Cristiano, com a paixão da Izabel, com o humor autodepreciativo do Raul, com a arrogância do Fernando, com o espírito materno da Carla, com a mistura de talento e atrapalhação do Lucas, com a simplicidade cativante da Iranete, com a insuportabilidade da Aritana.
Enfim: boa parte dos candidatos da temporada anterior despertava mais sentimentos do espectador. Na terceira temporada, apenas um ou outro mexe com nosso coração – não concordam? Vejo o Lee, com sua combinação de engenho e emoção (com pitadas de caricatura), quem sabe a Bruna, com sua meiguice à beira do irritante.
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Alguém pode dizer: ah, é muito cedo, ainda tem bastante gente no programa, e, assim, falta espaço e tempo para que os aspirantes a MasterChef desenvolvam sua personalidade. Talvez. Mas – e aqui fala o sujeito que nunca pôs um avental na vida – acho que já deu para perceber que, além de menos carismática, a turma de 2016 tem menos técnica do que a de 2015. Concordam?
Um bom termômetro foi a prova de eliminação de ontem (assim como aquela da identificação de ingredientes já havia sido). Dos nove que tinham de preparar um robalo, apenas Fábio acertou na hora de porcionar o peixe, o que lhe deu direito de escolher o que quisesse no mercado. Dos nove, apenas dois apresentaram pratos que, de longe, pareciam apetitosos e que, de perto, foram apreciados pelos jurados, mas ainda assim com ressalvas. E, dos nove, pelo menos três serviram peixe cru – torra o peixe, mas não deixa cru!
A compensar essa falta de carisma e de técnica, o MasterChef, conscientemente ou não, vem investindo na surpresa, no inesperado. As provas estão criativas e contrariam expectativas: jamais imaginei que, depois da prova do coelho, um bicho fofinho por natureza, na semana passada, a caixa misteriosa revelasse uma cabeça de porco. O que deu origem a mais surpresas do episódio desta terça-feira: Raquel ficou entre os piores, Gleice ficou entre os melhores. O Aluísio fez mágica: sumiu com a cabeça de porco, que deveria ser a estrela do prato. O momento mais impactante foi o da auto-eliminação do Guilherme. No ano passado, Cristiano, por um problema de saúde, também ficou fora da primeira prova do do dia, mas apareceu na eliminatória. Guilherme foi vencido por uma crise de labirintite. Abandonou o programa e nem poderá disputar uma eventual repescagem, segundo anunciou Ana Paula Padrão. Pena: a julgar pela reação dos meus 17 amigos no Facebook quando o elogiei, ele era um dos raros concorrentes com potencial para gerar amor e ódio na audiência.
P.S.1: o Jacquin estava de lascar. Quando a Lívia foi mostrar seu robalo, com aquela sua já tradicional animação de velório, o chef francês disparou: "Teu namorado morreu?". Impagável.
P.S.2: achei que a Lívia nunca mais fosse parar de chorar depois de ser eliminada.
P.S.3: acho que ela continua chorando, a coitadinha. Sério: deu pena.