O movimento Ocupa Minc Contra o Golpe, composto por artistas que estão na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Porto Alegre, vai seguir na ocupação do prédio mesmo após a decisão do presidente interino, Michel Temer, de recriar o Ministério da Cultura (MinC). Os próximos passos da ocupação devem ser definidos às 17h de domingo, em assembleia entre os manifestantes.
- A volta do Ministério da Cultura é uma pequena vitória na organização dos artistas. Mas há muito o que ser feito - afirma Paulo Flores, do grupo de teatro Ói Nóis Aqui Traveiz.
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Conforme Flores, a volta do MinC era apenas uma dentre as três reivindicações da ocupação. As outras duas são a saída de Michel Temer da presidência e a garantia e manutenção das políticas públicas e direitos culturais e sociais. Além disso, os manifestantes não reconhecem o agora novo ministro da Cultura, Marcelo Calero, por entender que ele faz parte de um governo ilegítimo.
- Há outras questões (a serem debatidas): como vai se dar o Ministério da Cultura? Quais vão ser as políticas públicas? É por isso que a ocupação vai continuar - diz Hamilton Leite, artista do grupo Oigalê.
Zero Hora visitou novamente a ocupação no sábado e viu, no pátio do Iphan, localizado na Avenida Independência, quatro barracas onde parte dos ocupantes passam a noite. No fundo do pátio, um grupo de jovens artistas treinava com malabares, enquanto uma dupla jogava vôlei. Dentro do prédio, no segundo andar, uma roda de ocupantes discutia políticas públicas e a importância da cultura na sociedade.
- A questão é a cultura como direito social. Mas a (ocupação) é pelas políticas sociais também - declara Rafael Passos, arquiteto do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/RS).
Fazem parte da ocupação atores, dançarinos, arquitetos e profissionais do patrimônio histórico. Ao todo, há cerca de 30 ocupantes no prédio, mas o número varia por conta da movimentação das pessoas para as atividades promovidas pelos ocupantes.
Na sexta-feira, eles promoveram um sarau de música e poesia. Na programação de hoje, uma oficina de stencil e criação de cartazes, um debate com Margarete Moraes, ex-representante do Iphan na regional Sul, e um cine-debate. Para o domingo, estão previstas uma oficina de malabares, uma performance teatral e a plenária para definir os novos rumos da ocupação.