Em mais de 50 anos de teledramaturgia, é difícil emplacar uma história nova. Nada se cria, muito se copia, ou se recicla, dá uma nova roupagem e assim, até as tramas mais clichês ficam com cara de novidade. E as atuais tramas no ar são prova de que o público gosta mesmo é de um bom "novelão": mocinha encontra mocinha, vilões atrapalham, final feliz no último capítulo...
É possível, sim, investir em histórias inéditas, mesmo que algumas situações se repitam, o que é inevitável em qualquer obra, seja na tevê, literatura, cinema ou teatro. Nesse caso, será que ainda é necessário "ressuscitar" novelas que muita gente já viu? Os famosos remakes ainda são capazes de prender o público.
Haja Coração não chega a ser um remake, vem sendo chamado de "releitura" de Sassaricando, trama de Sílvio de Abreu exibida entre 1987 e 1988. Acontece que a Tancinha de Claudia Raia, o Apolo de Alexandre Frota e a Fedora de Cristina Pereira ainda estão fresquinhos na mente de boa parte do público. Será inevitável comparar os antigos personagens com os novos, vividos por Mariana Ximenes, Malvino Salvador e Tatá Werneck.
São essas comparações, além de um certo preconceito de "ah, eu já vi essa novela" que podem afastar o público da nova (velha?) trama. Cabe ao elenco de agora e ao autor responsável pela adaptação a responsabilidade de mostrar que Haja Coração é outra novela.