A ausência de indicados negros no Oscar 2016 é, definitivamente, o tema da hora em Hollywood. O assunto dominou a pauta do Sundance Festival, palco nobre do cinema independente norte-americano, cuja edição mais recente terminou no fim de semana em Park City, Utah. Aclamado pela plateia presente ao evento, The Birth of a Nation, drama que narra uma revolta de escravos no século 19 na Virgínia, levou os principais prêmios do festival. Adquirido pela Fox para distribuição internacional, o longa deve ganhar o circuito nos próximos meses e já é apontado como candidato ao Oscar 2017.
Escrito, dirigido e estrelado por Nate Parker, The Birth of a Nation foi o preferido do júri oficial e também do público. Acompanha a trajetória de Nat Turner, um escravo e pregador alfabetizado e cortês que organiza uma rebelião nos anos que antecederam a Guerra Civil que assolou o país entre 1865 e 1869. E que foi violentamente reprimida pelos produtores rurais e pelas forças armadas da época.
– Obrigado, Sundance, por criar uma plataforma para que possamos crescer, apesar do que o restante de Hollywood está fazendo – discursou Parker ao receber a premiação do evento criado pelo ator e diretor Robert Redford.
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O diretor, que com The Birth of a Nation estreia no longa-metragem, também é ator – fez atuações de destaque em títulos como Sem Escalas (2014), A Negociação (2012), A Vida Secreta das Abelhas (2008) e O Grande Debate (2007). Tem 36 anos e é natural do Estado da Virgínia, onde se passa a ação de The Birth of a Nation.
Quantia recorde pelos direitos de distribuição
Conforme a imprensa dos EUA, a Fox pagou US$ 17,5 milhões para poder distribuir o longa – um recorde dos negócios em Sundance e da própria produção independente norte--americana como um todo, que tinha os US$ 10,5 milhões pagos também pela Fox para Pequena Miss Sunshine (2006) como maior quantia registrada até hoje. Sony, Weinstein e Netflix também teriam disputado o lançamento de The Birth of a Nation, conforme divulgado pelos veículos do país.
Os outros vencedores de Sundance 2016 foram Weiner (sobre a volta à política do legislador Anthony Weiner, forçado a renunciar ao Congresso devido a um escândalo envolvendo o envio de mensagens de teor sexual) e Sand Storm (longa israelense sobre a luta das mulheres de uma cidade beduína), eleitos respectivamente o melhor documentário e o melhor longa estrangeiro pelo júri oficial do evento. Os vencedores pelo júri popular foram Jim: the James Foley Story, documentário sobre o jornalista decapitado em 2014 pelo grupo Estado Islâmico, e La Ciénaga Entre el Mar y la Tierra, filme colombiano de Manolo Cruz e Carlos Castillo.
Completa a lista dos premiados a produção alemã Sonita, sobre uma refugiada afegã que vive ilegalmente em Teerã e quer ser a nova Rihanna. O longa de Rokhsareh Ghaemmaghami foi eleito o melhor documentário estrangeiro pelos dois júris do festival.