Taylor Swift bateu o rapper Kendrick Lamar e levou o prêmio de melhor álbum do ano por seu trabalho 1989 – fato inédito na história do prêmio, uma mulher vencer por duas vezes a mesma categoria. Ela subverteu o clima de celebração do hip hop, que imperava desde a abertura da 58ª edição do Grammy Awards, realizada na madrugada desta segunda para terça, no Staples Center, em Los Angeles.
O rap já parecia transbordar às indicações das categorias específicas e assumir o tom da noite. O apresentador principal era um rapper, LL Cool J. O artista premiado pelo conjunto da obra era um grupo de rap, o RUN DMC. E dois artistas que ameaçavam polarizar a noite com Taylor Swift eram rappers, ou considerados assim: o californiano Kendrick Lamar, com 11 indicações, e o canadense Weeknd, com sete. Se confirmassem as expectativas, seria a noite do rap.
Entre as apresentações, uma homenagem a David Bowie foi uma das mais comentadas da noite. O tributo foi feito porLady Gaga, cheio de caracterizações e maquiagens, visitando os grandes hits do músicos inglês. Fã assumida de Bowie, Gaga ficou à vontade para fazer uma apresentação que abusava de diferentes figurinos e coreografias, além de contar com a participação do guitarrista Nile Rodgers, parceiro musical do homenageado.
Já Adele fez uma aparição angustiante. Cantou All I Ask falhando, não atingindo as notas agudas no começo e perdendo o controle total da afinação no final. Deve ter pedido a Deus que aquela tormenta acabasse logo. Foi certamente das apresentações mais infelizes do Grammy.
Uma ausência também chamou atenção. De última hora, Rihanna teve sua participação cancelada. A artista, que acaba de lançar o novo disco Anti, não pôde fazer sua apresentação porque estaria sofrendo de uma bronquite, segundo informações do TMZ. Em seu Twitter, ela pedia desculpas, sem maiores explicações: "Lamento muito não poder estar lá... Obrigado ao Grammy e à CBS pelo seu apoio nesta noite", escreveu.
Nas redes sociais, quem fez a festa foram os beliebers, como são conhecidos os fãs de Justin Bieber. O cantor ganhou na cerimônia o primeiro Grammy da carreira, por Where Are Ü Now, como melhor música dançante, em parceria com Skrillex e Diplo.
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Houve flashback a noite toda. John Legend fez ao piano o baile de nostalgia em nome de Lionel Richie com Easy diante dos olhos do próprio. Hello veio na voz de Demi Lovato e, depois, Luke Bryan cantou Penny Lover. Ele então passou para Meghan Trainor com You Are e ela, por sua vez, para o cantor Tyrese Gibson trazer Brick House, da época dos Commodores. Só então Lionel subiu ao palco para fazer All Night Long, sua grande festa.
Os músicos do Eagles, com o cantor Jackson Browne, lembraram do amigo guitarrista Gleen Frey, morto recentemente, aos 67 anos, cantando Take it Easy. Estavam mais emocionados do que afinados, mas foi um momento bonito, com uma imagem gigante de Frey ao fundo do palco.
Steve Wonder chegou ao palco falando em nome de um amigo que se foi: "Vamos dedicar uma canção, um tributo a um amigo maravilhoso, Maurice White, descanse em eterna paz", disse em honra ao líder do Earth Wind & Fire, morto nos últimos meses. Começou logo depois a cantar à capela That's The Way of the World, com o grupo vocal Pentatonix. Vieram então os indicados na categoria Canção do Ano, apresentado por Wonder. O páreo parecia duro, com Kendrick Lamar, Taylor Swift e Wiz Khalifa. Mas seria a primeira derrota grande de Lamar, um favorito nesta prateleira, com a música Alright.
Steve Wonder brincou primeiro com a própria cegueira ao apanhar o envelope com o nome do vencedor. Como uma criança, disse aos outros: "Vocês não sabem ler!", sorriu, referindo-se ao nome do ganhador em braile. E chamou ao palco Ed Sheeran, que levou por sua canção Thinking Out Loud. Sheeran surpreendeu. Sua música era uma das mais fracas da categoria, mas com um poder de execuções que valeu o destaque.
Miles Davis foi lembrado quando Kendrick Lamar foi apresentado, como criador de um novo rap nos Estados Unidos, que dialoga com o free jazz. Lamar veio com os pés e as mãos acorrentados à frente de outros homens negros para cantar The Blaker The Berry. Ele parou em frente ao microfone e fez uma de suas interpretações das mais chocantes. Seu discurso parece querer implodir as questões raciais tão recrudescidas nos Estados Unidos de hoje. Seu palco entra em chamas e ele canta desesperadamente como se fosse a última vez.
Entre os brasileiros, a pianista Eliane Elias bateu concorrentes fortes, como o também pianista cubano Gonzalo Rubalcaba, e trouxe um gramofone na categoria Melhor Álbum de Jazz Latino pelo disco Made in Brazil. Gilberto Gil, que concorria com a gravação do álbum Gilbertos Samba, só com músicas de João Gilberto, perdeu para a cantora do Benin, Angelique Kidjo.
CONFIRA A LISTA DOS VENCEDORES DO GRAMMY 2016
Gravação do Ano
Uptown Funk - Mark Ronson Featuring Bruno Mars
Álbum do Ano
1989 - Taylor Swift
Melhor Álbum de Teatro Musical
Hamilton
Música do Ano
Thinking Out Loud – Ed Sheeran
Melhor Álbum de Country
Traveller - Chris Stapleton
Artista Revelação
Meghan Trainor
Melhor Música Country
Girl Crush - Little Big Town
Melhor Álbum de Rap
To Pimp A Butterfly - Kendrick Lamar
Melhor Videoclipe
Bad Blood - Taylor Swift Featuring Kendrick Lamar
Melhor Álbum de Jazz Latino
Made in Brazil - Eliane Elias
Melhor Álbum de World Music
Sings - Angelique Kidjo
Melhor Álbum Alternativo
Sound & Color - Alabama Shakes
Melhor Performance de Rap
Alright - Kendrick Lamar
Melhor Álbum de Reggae
Strictly Roots - Morgan Heritage
Melhor Música de Rock=
Don't Wanna Fight - Alabama Shakes
Melhor Performance de Rock
Don't Wanna Fight - Alabama Shakes
Melhor Álbum de Rock
Drones - Muse
Melhor Álbum Urbano Contemporâneo
Beauty Behind The Madness - The Weeknd
Melhor Álbum Vocal Pop
1989 - Taylor Swift
Melhor Álbum de Pop Vocal Tradicional
The Silver Lining: The Songs Of Jerome Kern - Tony Bennett & Bill Charlap
Melhor Dupla Pop/Performance em Grupo
Uptown Funk - Mark Ronson Featuring Bruno Mars
Melhor Apresentação Solo Pop
Thinking Out Loud - Ed Sheeran
* Com agências