Primeiro, o aviso: se você ainda não assistiu à serie da Netflix Making a Murderer, melhor não ir adiante na leitura, pois aqui será abordada a grande repercussão que o documentário em 10 episódios segue provocando desde seu lançamento, em 18 de dezembro.
Making a Murderer é resultado de 10 anos de trabalho das diretoras Moira Demos e Laura Ricciardi. Em 2005, elas se interessaram em registrar um peculiar caso policial que se passava em Manitowoc, cidadezinha do Estado norte-americano de Wisconsin.
Libertado em 2003, após passar 18 anos preso por um estupro que não cometeu – foi inocentado por um tardio exame de DNA –, Steven Avery havia sido preso de novo, acusado de matar uma fotógrafa. A série passa em revista os episódios pregressos, acompanha o polêmico novo julgamento de Avery e as consequências de todo o caso.
O incômodo de Making a Murderer decorre do fato de a série destacar que a condenação à prisão perpétua de Avery, em 2007, atropelou consideráveis indícios de ele ser, outra vez, inocente. O que tem causado inúmeros desdobramentos. Confira abaixo.
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Petição para Avery
Mais de 300 mil assinaturas online foram coletadas em uma petição endereçada à Casa Branca pedindo o perdão para Avery. A iniciativa não tem efeito prático porque não se trata de um caso federal, como o próprio executivo norte-americano postou em resposta à petição em seu site oficial. E, mesmo encaminhada a quem tem poder sobre o caso, o governador do Wisconsin, de nada adiantará. O republicano Scott Walker disse que tem por princípio não conceder perdões e que quem se sentir injustiçado deve procurar as instâncias legais. Avery já teve seu pedido de novo julgamento recusado.
O promotor
Insatisfeito com a imagem de "vilão" em Making a Murderer, Ken Kratz, promotor que conduziu a condenação de Avery, disse que o documentário fez uma abordagem parcial do caso. Kratz afirmou que as diretoras ignoraram evidências como o DNA de Avery encontrado no carro da vítima e os traços do DNA da jovem assassinada em uma bala da arma de Avery.
As diretoras
Moira Demos e Laura Ricciardi refutaram a acusação de Kratz, argumentando que tiveram de sintetizar o material do processo e que incluíram as evidências mais importantes. Laura disse que o objetivo delas não foi provar a inocência de Avery, mas expor as diferentes faces do sistema legal americano.
Familiares da vítima
Parentes de Teresa Halbach, a vítima, evitam o assédio da imprensa. Antes de a série estrear, um irmão dela disse que a família lamentava o fato de se criar entretenimento e buscar o lucro com a tragédia.
Teorias conspiratórias
Detetives amadores fazem fervilhar na internet teorias para solucionar o caso, a partir de pistas não consideradas na investigação. Há até um suspeito de ser o criminoso, um misterioso homem chamado German, que havia alugado um trailer perto do ferro-velho de Avery onde os restos mortais de Teresa foram encontrados. As teorias envolvem ainda um ex-namorado da vítima, um ritual satânico, um clube sexual secreto e uma rede de traficantes (acobertados por policias corruptos) incomodados com as fotos que Teresa tirava na região – que poderiam expor plantações de maconha. Se David Lynch não tivesse reunido esses elementos no delirante Twin Peaks, a mistura de tudo isso renderia uma incrível história.
Anonymous
Hackers supostamente ligados ao grupo Anonymous dizem ter acessado registros telefônicos que provariam a conspiração dos policiais para incriminar Avery. Mas, até agora, nada foi revelado. Suspeita-se de que tenha sido uma blague para surfar no sucesso da série.