1. Sexta, a noite do reggae: o clima estava bom no primeiro dia, na Saba. E propício para curtir aquela música praiana, o ritmo dançante do reggae. O Planeta proporcionou isso aos presentes com a sequência positive vibrations Onze20, Natiruts e Magic!.
2. Velhos amigos (1): a largada do festival não poderia ter sido mais apropriada para a edição que comemorava 20 anos de Planeta Atlântida. Depois do já tradicional Hino Rio-Grandense puxado por Neto Fagundes e cantado em uníssono pelos presentes, a banda de rock mais gaúcha de todos os tempos subiu ao palco. A Planeta20, um mix de diversos grupos do Estado, como Papas da Língua, Nenhum de Nós, Cachorro Grande, Acústicos & Valvulados, Comunidade Nin-Jitsu e outras, revisitou os maiores sucessos do rock feito por aqui em uma apresentação memorável. Quem chegou cedo e teve a sorte de acompanhar o show pôde ouvir grandes hits, como Lunático (Cachorro Grande), Detetive (Comunidade Nin-Jitsu), Remédio (Acústicos & Valvulados) e Mesmo que Mude (Bidê ou Balde).
3. Todo mundo é gaúcho (1): Luan Santana disse: “Não me surpreende isso aqui estar lotado, porque gaúcho é gaúcho, o resto é conversa” e cantou “Ah! eu sou gaúcho”. Safadão começou o show enrolado na bandeira do Estado, e Thiaguinho usou uma camiseta com a estampa “Mamãe passou erva mate em mim”. Mas, mais do que isso, os três cantaram Querência Amada, clássico da música gauchesca que foi também entoado pela plateia orgulhosa.
4.Chuva não atrapalhou: apesar de a tempestade que abalou a Região Metropolitana não ter passado pela Saba na sexta, a noite de sábado foi de muita chuva. Tanta, que inspirou o pagodeiro Thiaguinho a cantar Temporal, do grupo Art Popular: “Cadê aquele nosso amor, naquela noite de verão, agora a chuva é temporal e todo céu vai desabar”. Em solidariedade a quem sofreu as consequências do temporal, Criolo mandou uma mensagem positiva durante seu show.
5. Rock em família: há quem tenha guitarra no sangue e, no Rio Grande do Sul, um sobrenome brilha quando o assunto é rock’n’roll: o da família Endres. Fredi, Nando e o prodígio Erick quebraram tudo no Planeta20, no Palco Planeta sexta à tarde. Mais tarde, levaram o projeto Endres Experience ao Palco Meca. E encerraram os trabalhos com a consagrada Comunidade Nin-Jitsu no Palco Atlântida.
6. Protesto político: com um público jovem e cheio de ideias e em meio a uma grande crise política no Brasil, o assunto não poderia deixar de ser mencionado pelos artistas. Criolo abriu o show de sábado vestindo uma camiseta que pedia passe livre e fez discurso contra “a roubalheira desses arrombados”. Mais tarde, O Rappa pediu para a plateia se virar de costas. Na noite anterior, as letras de MC Guimê também falavam de diferenças sociais e, obviamente, o show dos Racionais MC’s, no palco Meca, trouxe reflexão sobre a desigualdade no país para dentro do festival.
7. Os gringos: as atrações internacionais já têm lugar cativo no Planeta Atlântida. Este ano foi cheio delas – algumas no Palco Planeta e outras em espaços espalhados pela Saba. Os destaques foram a animada Magic!, o rapper Wiz Khalifa e o já quase brasileiro Donavon Frankenreiter. Aliás, em 2014, quando também se apresentou no festival, o norte-americano havia sido fotografado surfando nas praias do Litoral Norte. Desta vez, foi fácil ver o artista passeando pelo camarote, tirando fotos e abraçando fãs. Gente boníssima.
8. Parcerias: Baile do Dennis + Valesca Popozuda + Mc Guimê. ConeCrewDiretoria + Anitta + Flora Matos. Cachorro Grande + Papas da Língua + Império da Lã + Bidê ou Balde + Nenhum de Nós +..., Natiruts + Tati, da Chimarruts. Havia muitas parcerias preparadas para as duas noites de Planeta Atlântida. Mas uma em especial, essa nem tão esperada, agradou muito aos fãs. No meio do show de Luan Santana, Anitta subiu ao palco e se juntou ao sertanejo para a música Te Esperando. O público gritou como nunca nesse momento da apresentação. O berreiro, aliás, foi uma marca do show de Luan Santana. A cada movimento do sertanejo, a mulherada se acabava em gritos.
9. Valeu a pena: a música Pescador de Ilusões traz uma mensagem de superação. E esse foi o clima da execução dessa canção no Planeta. A banda Liberdade, formada por menores infratores de Passo Fundo, subiu ao palco com O Rappa para participar desse grande sucesso dos cariocas. A plateia aplaudiu muito.
10. Da arena ao camarote: se alguém ainda não tinha percebido, esse foi o Planeta para comprovar que não há mais tribos. O público, eclético como o line up do festival, passeava de um lado para o outro, formado por jovens que misturavam estilos também na hora de se vestir e se comportar. Da arena ao camarote, dos palcos paralelos ao show mais cheio do palco principal, todos conviveram harmoniosamente com diferenças de gostos e jeitos.
11. Tatuagem de graça no camarote: um dos regalos que fez sucesso no camarote do Planeta foi um estúdio tatuando a galera na hora – e de graça – durante os dois dias de evento. Jimmy Valença comandou as agulhas na La Mafia Barbearia Social Club, que funcionava perto da praça de alimentação. As pessoas podiam se inscrever para marcar na pele o que quisessem. “Muita gente queria fazer. E tatuar no Planeta é como se fosse um sonho. Está sendo maravilhoso”, disse o artista.
12. Todo mundo é gaúcho (2): esse é um evento de muitos hinos. Tem Partida de Futebol, do Skank, Detetive, da Comunidade Nin-Jitsu, o tema sonoro do Planeta e, é claro, o próprio hino do Rio Grande do Sul, que abre o festival com Neto Fagundes todos os anos. Mas não há frase mais cantada em toda a história do Planeta Atlântida do que “Ah, eu sou gaúcho”. Com isso em mente, ZH foi perguntar aos planetários por que essa paixão pelo Rio Grande. – As bandas que sobem ao palco acabam exaltando os gaúchos, e isso me motiva ainda mais para gritar. Quem ia imaginar que o Wesley Safadão ia cantar músicas daqui, por exemplo? – disse Taise Cercato, 24 anos, natural de Garibaldi.
13. O reduto do rock: se esta edição do Planeta Atlântida foi marcada pela diversidade musical, um dos palcos alternativos acabou sendo porto seguro para os roqueiros. No Palco Atlântida, shows como os de Cachorro Grande, Fresno, Dingo Bells, Tequila Baby e Raimundos fizeram a galera bater cabeça com a boa e velha trinca guitarra, baixo e bateria.
14. velhos amigos: velhos conhecidos do Planeta, os Raimundos fecharam a programação do Palco Atlântida já na madrugada de domingo. Os caras da banda, como de costume, circularam pelos bastidores encontrando amigos e cumprimentando colegas músicos. Digão, em entrevista a ZH, falou sobre o sentimento de estar no festival: – Aqui me sinto em casa, adoro os bastidores. Também lembro de quem já se foi, como o Chorão. Aqui no Planeta foi a última vez que o vi.
15. Comemorações: a Tequila Baby, um dos clássicos do rock gaúcho, esteve no Palco Atlântida na noite de sábado para desfilar seu punk rock até os ossos. Apesar de já ter estado em diversas edições do festival, a banda fez uma apresentação com um gostinho diferente. Assim como o Planeta, o primeiro disco da Tequila Baby completa 20 anos em 2016.
16. Racionais MC’S: um dos nomes mais importantes da música brasileira, o grupo fez jus ao seu tamanho e superlotou o Palco Meca na noite de sexta. Milhares de fãs dos rappers lutaram por um lugar na frente do palco – um dos espaços alternativos do festival – para assistir ao excelente show de Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e KL Jay. Clássicos como Negro Drama, Vida Loka Parte 2 e faixas do disco mais recente do grupo, Cores e Valores. No palco e nos bastidores, Brown desfez a imagem carrancuda ao contar histórias e dialogar com o público entre as músicas.
17. 80 mil pessoas: desde 2000, quando o Planeta Atlântida trouxe um dos maiores fenômenos musicais da época, o Terrasamba, a procura por ingressos não era tão intensa quanto o que se viu em 2016. Como aconteceu há 16 anos, neste ano os planetários esgotaram todos os cerca de 80 mil ingressos disponibilizados ao público antes da abertura do festival. O que se viu dentro da Saba foram os quatro palcos cheios de público desde as primeiras horas – assim que a noite caiu, nos dois dias, não se via um espaço em branco de cima do palco. Artistas como Carlinhos Carneiro, da Planeta20, Luan Santana e Lulu Santos citaram o fato e brincaram de reger a massa com suas músicas.
18. Estrutura e organização para o público: desde a concepção do vídeo e do material de divulgação, o visual do Planeta Atlântida deste ano prometia. Tudo era bonito e gritava verão. Ao chegar para os shows, os planetários não encontraram outra coisa senão um espaço coerente com a proposta. Mais livre para circulação e aberta que em outros anos, a arena possibilitava fácil circulação e localização dos espaços, além de recantos mimosos, como o conjunto de redes próximo ao palco Meca. No camarote, mais opções de comidas e bebidas e banheiros limpos e organizados fizeram com que a estrutura não fosse um problema para a diversão. O som dos shows variou muito, no entanto. Algumas apresentações pareciam estar com volume mais alto do que outras.
19. E o troféu gente boa vai para...: o prêmio de artista mais simpático desta edição de Planeta Atlântida, caso existisse, provavelmente seria dividido entre dois caras. Wesley Safadão e Thiaguinho esbanjaram simpatia e bom humor nos bastidores e, principalmente, no palco. O “rei da safadeza”, mesmo que fosse tratado como estrela internacional a cada passo que dava dentro da Saba, cumprimentava e sorria para todos, declarava seu amor ao público gaúcho e se mostrava solícito à imprensa e aos fãs. Thiaguinho, por sua vez, já é nome óbvio quando se fala em carisma. Desde o início de seu show, o pagodeiro mostrou conexão quase íntima com o público, parecia estar conversando com amigos e soube agradar o público gaúcho como ninguém.
20. Sucesso antes mesmo de subir no palco: na tarde de sábado, horas antes de a banda se apresentar no Planeta, a hashtag #ConeCrewSacudindoOPlaneta já despontava nos trending topics do Brasil no Twitter. Populares principalmente entre o público jovem, os cariocas sabem usar como ninguém as redes sociais e chegaram a parar o show para tirar uma foto, postada horas depois na conta do grupo no Instagram com a legenda “Estamos muito felizes com a recepção dos gaúchos, muito obrigado a todos vcs!”.