Estive na Feira do Livro nesta semana e saí de lá bem animado. Minha amiga Denise Filippini me convidou para ficar alguns minutos na sua banca, observando o movimento pelo lado de quem vende. Uma multidão acotovelava-se pelos corredores naquele dia. E muitas pessoas paravam para olhar as capas e folhear os livros expostos, manifestando real interesse pela nobre mercadoria.
- Estamos vendendo mais do que esperávamos - me confidenciou a empresária.
Por instantes, lembrei-me do tempo em que trabalhei como auxiliar numa feira livre de frutas e verduras, meu primeiro emprego de adolescente. Convidado por um tio para ajudar aos sábados, levantava de madrugada, entrava num caminhão antigo e descarregava caixas e caixas de hortaliças numa praça da cidade. Mal a gente terminava de montar as barracas de madeira e lona, na primeira hora da manhã, e os fregueses já estavam apertando tomates e pedindo para pesar batatas e aipins, todos querendo ser atendidos primeiro. Era um sufoco.
Com os livros parece ser bem menos estressante. O público leitor não tem pressa, não há disputa pela mercadoria e ninguém desconfia do peso na hora de pagar. Mas o importante é que as pessoas estão comprando - e lendo, suponho. Apaixonado pela leitura, saí de lá pensando que não poderia haver melhor notícia. Mas havia.
Quando retornei ao meu cantinho de trabalho na Redação do jornal, fiquei sabendo que a Amazon Books - a livraria online mais famosa do mundo - havia inaugurado sua primeira loja física nos Estados Unidos. Depois de duas décadas de vendas pela internet, ameaçando a existência das livrarias tradicionais, a gigante do comércio eletrônico se instalou numa loja de shopping com os 6 mil títulos mais vendidos e melhor avaliados no seu site. Ou seja: em vez do texto virtual, para os leitores digitais, ou da encomenda online, as pessoas poderão pegar o livro na mão, apertar como se fosse um tomate, folhear e cheirar à vontade, exatamente como fazem os frequentadores da nossa feira porto-alegrense.
E o mais importante: poderão levar o produto com elas, abrir e consumir em qualquer lugar, sem necessidade de bateria, wi-fi ou 3G.
Livros realmente ajudam a pensar - e tornam a vida mais agradável e emocionante.