Lucie mira-se no espelho e tenta não ver nele a imagem do desânimo e da derrota. A entrevista de emprego que está prestes a encarar, espera ela, pode fazer sua vida sem graça ganhar um pouco de cor. Diante de uma nova frustração, porém, a protagonista do drama francês Lulu, Nua e Crua, interpretada por Karin Viard, decide forçar uma reviravolta em seu destino e cair na estrada. Em cartaz a partir desta quinta-feira na Capital, o filme de Sólveig Anspach segue pelo caminho recorrente do road movie: a viagem física como rito de transformação existencial.
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Lulu, apelido de infância que preservou em uma maturidade que parece ter chegado rápido demais, deixa para trás o marido e os três filhos. A eles informa por telefone que precisa desse respiro, ao mesmo tempo consciente e inconsequente, antes de voltar para sua casa, numa região rural da França.
Em sua primeira parada, numa cidadezinha litorânea, Lulu envolve-se com um homem à deriva como ela. Mais adiante, cruzarão seu caminho duas mulheres que representam o futuro que Lulu quer evitar e o passado que ela gostaria de ter tido: uma idosa que teme a morte solitária e uma jovem garçonete que sonha conhecer Paris, mas precisa de um empurrão para romper as amarras provincianas. Como uma Amélie Poulain, a altruísta Lulu colocará a felicidade delas à frente de seus próprios dilemas.
Com uma narrativa previsível em seus rumos e conflitos, Lulu, Nua e Crua ganha relevo com a presença de Karin Viard, um das grandes atrizes em atividade no cinema francês. Sua atuação compensa o vigor e a profundidade que faltam a um roteiro que, após o amargo ponto de partida, tateia por entre soluções açucaradas e edificantes.
Lulu, Nua e Crua
De Sólveig Anspach
Drama, França, 2013, 87min, 18 anos. Estreia quinta-feira no Espaço Itaú e no Guion Center Cotação:2/5