O brasileiro Boi Neon, de Gabriel Mascaro, obteve o prêmio especial do juri na mostra Horizontes no festival de Veneza. O filme Desde allá, do cineasta venezuelano Lorenzo Vigas, foi premiado com o Leão de Ouro do festival.
O grande vencedor da noite ilustra os conflitos e as diferenças sociais, é marcado por um ritmo lento, os silêncios e os contrastes entre um mundo íntimo árido e outro externo vital. Aplaudido pela imprensa especializada em sua primeira exibição, Desde allá dividiu o público, mas sobretudo convenceu o júri presidido pelo mexicano Alfonso Cuarón.
Boi Neon, produção do pernambucano Mascaro, conta a história de um vaqueiro do nordeste (Juliano Cazarré) que tem o sonho de ser costureiro. O filme traz ainda Vinícius de Oliveira, Maeve Jinkings, Aline Santana e Carlos Pessoa.
O cinema latino-americano ganhou também o Leão de Prata por melhor direção, com o filme argentino El Clan, de Pablo Trapero, o nono longa-metragem do autor de Mundo Grúa, baseado em uma história real, ocorrida nos anos 80 sobre a família Pucci, que fazia sequestros extorsivos de pessoas próximas e as matavam após mantê-las em cativeiro em sua própria casa, em um bairro de classe média na periferia norte de Buenos Aires.
- Estou muito, muito feliz. Amo cinema, amo estar aqui. Estou feliz de estar com vocês - declarou, emocionado, Trapero.
O cineasta americano Charlie Kaufman levou o Grande Prêmio do Júri com Anomalisa, um stop motion baseado em uma obra de teatro própria, que pode se tornar o primeiro filme de animação proibido para menores por cenas de sexo ousadas entre bonecos.
A Itália, com quatro filmes na competição, ficou com um prêmio de consolação, a Copa Volpi, pela melhor atuação da atriz Valeria Golino por seu papel de mãe cega diante dos problemas de sua própria família em Per amore vostro, de Giuseppe Gaudino.
- Obrigada, obrigada - disse com sua reconhecida voz grave.
A França ganhou dois prêmios por Hermine, a Copa Volpi por melhor ator para Fabrice Luchini, e melhor roteiro para Christiane Vincent.