Um primeiro capítulo arrasador. E só. Assim pode ser resumida Babilônia. A novela das nove terminou nesta sexta-feira quase como um deboche ou uma banana a la Marco Aurélio de Vale Tudo dos autores Gilberto Braga (que também escreveu o sucesso Vale Tudo), João Ximenes Braga e Ricardo Linhares ao boicote sofrido no início da trama e que levou às mudanças de rumo na sinopse original.
O grande mistério das últimas semanas da novela, o assassinato de Murilo, foi desfeito da maneira menos surpreendente possível. O cafetão foi morto por Otávio (Herson Capri), quando este achou que aquele fosse o amante de Beatriz (Gloria Pires). Ela, aliás, acabou perdendo o verdadeiro amor, Diogo (Thiago Martins), ao confessar que era a assassina de Cristovão (Val Perré), pai dele e de Regina (Camila Pitanga).
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Beatriz e Inês acabaram presas em uma mesma cela, fugiram, brigaram muito e morreram em um acidente de carro que lembrou, de maneira tosca, o longa Thelma & Louise (1991), com Susan Sarandon e Geena Davis.
Os autores pesaram mais a mão na comédia pastelão ao fazer o político Aderbal Pimenta (Marcos Palmeira) ser preso no dia da posse como governador do Rio por corrupção, sua mãe Consuelo (Arlete Salles _ em uma grande atuação) assumir o mandato e levar todos os seus preconceitos à condução do Estado. Aqui, ficou evidente a crítica social à mistura de religião com política.
E para pontuar ainda mais que o final foi como um "boicote ao boicote", Braga e Linhares colocaram em uma mesma cena dois beijos gays. Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg) repetiram o gesto de carinho que provocou polêmica na estreia e ganharam a companhia de Ivan (Marcello Melo Jr.) e Sérgio (Cláudio Lins). As duas ainda deram mais um selinho mais adiante no capítulo derradeiro.
Para finalizar, os autores deram uma mensagem positiva de que na juventude mora a esperança de avanços na sociedade: Laís (Luisa Arraes) e Rafael (Chay Suede), o casal mais fofo da novela, encerraram sua participação dizendo que "agora é com eles". Os dois foram durante toda a trama os personagens que defenderam a liberdade de crença, a igualdade de gêneros e combateram a homofobia.
Gilberto Braga, João Ximenes Braga e Ricardo Linhares parecem ter encontrado no último capítulo o espaço para desabafar contra todas as críticas sofridas ao longo da novela, que vai carregar o nada honroso rótulo de pior audiência do horário das nove por um bom tempo ainda.