A terça-feira é de Marília Pêra no 43º Festival de Gramado. A atriz de 72 anos e 24 filmes no currículo, entre eles O Rei da Noite (1975), Central do Brasil (1997) e Jogo de Cena (2007), chegou ao evento para receber o troféu Oscarito, maior honraria de Gramado, que será entregue pelo 25º ano no Palácio dos Festivais.
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À tarde, a homenageada participou de um bate-papo com jornalistas de todo o país, mediado pelo crítico e curador do festival Rubens Ewald Filho. Bem-humorada, relembrou histórias de sua infância, quando participou de chanchadas da Atlântida (com o próprio Oscarito) e de tragédias no teatro, contracenando com sua mãe, Dinorah Marzullo, e seu pai, Manuel Pêra.
- Minha mãe me matava todos os dias no palco, e eu tinha apenas quatro anos - brincou, lembrando o enredo de uma montagem de Medeia, de Eurípedes, apresentada no distante ano de 1948.
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Ainda no início da conversa, Ewald Filho comparou a atração dos fãs pela intérprete carioca com o magnetismo de Elizabeth Taylor. Marília respondeu ao carinho com gentilezas:
- Adoro este lugar, sempre gostei de vir aqui, tomar chocolate, curtir esta cidade cheia de hortênsias. Acho o público do Sul o melhor do Brasil. É muito efusivo, caloroso, risonho. Torci muito para chegar a minha hora de receber o Oscarito. Agora ela chegou.
Lamentou trabalhar "tão pouco" com cinema (atuou em 24 filmes), na comparação com o teatro e a televisão. Disse se sentir à vontade tanto interpretando no palco quanto à frente das câmeras.
- Os atores sempre falam que se encontram mais no teatro. Mas não sei. Acabei de gravar 24 episódios de Pé na Cova (minissérie cuja nova temporada estreia em setembro na RBS TV) e foi tudo muito bom, feito com muita harmonia e criatividade. E o veículo é a TV! - contou.
Foi o cinema que, diz, a "jogou no mundo" - a partir do sucesso internacional de Pixote (1981), filme de Hector Babenco. Mas foi no teatro que ela se aventurou na direção - com O Mistério de Irma Vap (1986).
- É difícil dirigir. Eu não tenho a voz ativa que é necessária para uma diretora. Não fico brava, não confronto os atores. E aí as coisas não saem como eu gostaria. Mas O Mistério de Irma Vap saiu - disse, sorrindo.
No total, a atriz participou de mais de 60 espetáculos teatrais e quase 40 novelas ou minisséries de TV. Ela subirá ao palco do Palácio dos Festivais perto das 22h, abrindo a segunda parte da programação noturna do evento - que será encerrada com o aguardado longa-metragem Ausência, de Chico Teixeira.