Atuando na TV, na internet, no cinema e no palco, Fábio Porchat é um fenômeno de público. E não para de criar. Recentemente, estreou o programa sobre viagens Porta Afora e segue em cartaz nos cinemas com Meu Passado me Condena 2. Ele apresenta seu espetáculo de stand-up Fora do Normal nesta quarta-feira (19/8), em três sessões no Teatro do Bourbon Country, na Capital, e na quinta-feira (20/8), em duas sessões no Teatro Feevale, em Novo Hamburgo. Os ingressos estão esgotados, exceto para a sessão das 19h em Novo Hamburgo, para a qual ainda havia poucos lugares até esta segunda-feira (17/8).
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Os humoristas já desenvolveram uma linguagem de stand-up com características nacionais ou a inspiração ainda vem muito dos americanos?
Já abrasileiramos o gênero. Não é à toa que faz tanto sucesso aqui. Agora, os comediantes de stand-up têm que dar o próximo passo, e eu me incluo nisso, que é começar a falar de outros tipos de assunto, como os próprios americanos fazem. Eles têm um humor muito político.
O humor pode ou deve ser uma ferramenta de crítica?
O humor tudo pode. Tudo posso naquilo que me fortalece, que é o humor (risos). Você pode fazer um tipo de humor só para entretenimento, um tipo de humor só de palavrão, humor de torta na cara, de botar o dedo em uma ferida.
Embora o Porta dos Fundos seja extremamente popular, frequentemente toca em assuntos delicados, como sexualidade, religião e política. Você acha que o público curte apesar dos temas polêmicos ou justamente por causa deles?
O pessoal curte o Porta dos Fundos porque é engraçado. Não importa sobre o que a gente fala e se o assunto por acaso é polêmico ou não. O mais importante de tudo é que é divertido.
Você é um crítico da forma como as religiões interferem nos debates no país.
Acho problemático a religião estar envolvida com qualquer assunto político. Estamos em um Estado laico, quem fala é o povo e a democracia. Não faz o menor sentido você ter qualquer assunto religioso envolvido em uma discussão sobre células-tronco. O pior é que a gente nem debate sobre assuntos como o aborto ou a legalização das drogas porque a religião não permite, porque a bancada religiosa não deixa falar. Isso é um absurdo. Estamos falando de questões da vida, do cotidiano de uma sociedade, e a religião não pode interferir.
Ser um ateu no Brasil ainda causa algum tipo de desconforto nas outras pessoas, já que estamos em um país de população majoritariamente religiosa?
As pessoas no Brasil são religiosas, mesmo que seja uma crença pessoal delas, uma mistureba de (diferentes) crenças. O brasileiro é assim: é católico, vai à missa, mas acende uma vela, vê espírito. Cada um acredita no que quer. Então, quando você não acredita... não ter nada depois da morte é muito doloroso. É muito melhor acreditar do que não acreditar, porque daí você tem esperança de que existe algum tipo de justiça no mundo. Como não acredito em nada disso, é uma vida mais dura.
É possível fazer humor sem ofender determinados grupos?
Claro. Mas, de alguma forma, o humor é do contra. Então, não é nem questão de ofender. Não existe unanimidade. Se você falar contra o nazismo, vai ter gente que vai ser a favor do nazismo.
Depois das revoluções comportamentais das décadas de 1960 e 70, a sociedade brasileira voltou a ficar mais careta nos últimos tempos?
Um pouco, sim. A sociedade parou de pensar em alguns assuntos. Sexo, aborto e religião ainda são tabus. Após a revolução feminista, pareceu que o sexismo ficou resolvido, quando na verdade não ficou. O mundo é muito machista, as mulheres continuam sofrendo preconceito dos homens e das próprias mulheres.
O Brasil tem jeito?
Tem, sempre tem jeito. É só apertar o botão vermelho e recomeçar do zero (risos). Claro que o Brasil tem milhões de problemas, mas o mundo inteiro tem. Quando os Estados Unidos elegeram o Bush pela segunda vez, todo mundo sabia que foi fraudado. Uma eleição no país mais livre, mais democrático do mundo, foi burlada. Tem umas questões que não são só no Brasil. É o Berlusconi na Itália. A Grécia está em crise. A Marieta (Severo) falou bem no (Programa do) Faustão: é uma crise, sim, é problemático, sim, mas tem jeito. Não tem segredo, é investir em educação. É implementar um bom ensino. Mas para isso é preciso vontade política.
Fora do Normal, com Fábio Porchat
Porto Alegre
Quarta-feira (19/8), às 19h, às 21h e às 23h
Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80, 2º andar)
Ingressos esgotados
Novo Hamburgo
Quinta-feira (20/8), às 19h e às 21h
Teatro Feevale (ERS-239 - Campus II da Universidade Feevale)
Ingressos disponíveis apenas para a sessão das 19h: R$ 80 (cadeira extra do balcão nobre)
Canais de venda sem taxa:
Rua Coberta, campus II, Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, das 13h às 21h, fone (51) 3271-1208.
Bourbon Shopping Novo Hamburgo (Nações Unidas, 2.001, 2º piso), das 13h às 21h.
Bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80, 2º andar), das 10h às 22h), em Porto Alegre.
Canais de venda com taxa:
Site www.ingressorapido.com.br
Call Center 4003-1212 (das 9h às 21h).
Agência Brocker Turismo (Avenida das Hortênsias, 1.845), em Gramado (das 9h às 18h30min).
Entrevista
"A sociedade parou de pensar em alguns assuntos", diz Fábio Porchat
Ator e humorista apresentará o espetáculo de stand-up "Fora do Normal" em Porto Alegre e Novo Hamburgo
Fábio Prikladnicki
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