Motörhead, Judas Priest e Ozzy Osbourne se apresentam nesta ordem nesta quinta-feira, no Estádio do Zequinha, em Porto Alegre. O show de abertura será da banda gaúcha Zerodoze.
Ninguém tem a voz de Lemmy. No mais simples "hi", o vocalista do Motörhead joga nos ouvidos de quem estiver à volta quase 70 anos de excessos e histórias que o transformaram em lenda. Lemmy é bem-humorado, mas aparenta fadiga, com respostas curtas mais pela falta de fôlego do que por um possível desinteresse. Por vezes, é difícil distinguir o quanto incorpora seu personagem. Em São Paulo, ele teve de cancelar o show na Monsters of Rock por conta de uma infecção alimentar.
Confira a entrevista que Lemmy concedeu a ZH por telefone:
Vocês do Motörhead são amigos da turma do Ozzy Osbourne e do Judas Priest?
Claro! Já saímos em turnê com o Ozzy duas vezes. São todos bons caras. E temos idades parecidas, o que faz com que a gente se entenda bem. Às vezes, nessas turnês, a gente até consegue sair junto e conhecer algo, mas depende muito de como estamos nos sentindo.
Você está com 69 anos. Ainda gosta de escutar bandas novas, ir a shows?
Sim, às vezes eu ainda vou. Normalmente, o pessoal das bandas não acredita quando falo que gosto ou vou no show, mas não me importo (risos). Eu normalmente assisto da mesa de som ou algo do tipo, mas não gosto de estar separado do público, então curto sentar no bar com as pessoas para beber algo. Não importa que me achem uma lenda ou algo do tipo (risos).
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Mas você é uma lenda, quem diz são músicos como Slash e Dave Grohl, que têm milhões de fãs.
Eu me sinto ótimo, muito bem com isso, de ser admirado por pessoas de que gosto. Pô, gosto muito do Dave Grohl, gosto muito do Slash! Tudo isso é foda demais.
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Quando você começou a curtir rock'n'roll?
Em 1957, em um show de Elvis e Little Richard. Foram eles que me fizeram amar o rock. Cara, é como se eles tivessem vindo de outro mundo. Eles dialogavam comigo, sabe? Parecia que nossas mentes estavam ligadas. E é sempre bom lembrar: eles não tinham ninguém para copiar. Inventaram o rock'n'n'roll da cabeça deles. Isso é incrível! Eu não inventei nada, só toco do jeito errado. Esses caras inventaram tudo do nada.
Você já esteve no Brasil e escreveu uma música sobre o país. O que se lembra daqui?
Tive grandes momentos no Brasil. Jesus! Na primeira vez, consigo me lembrar direitinho, transei dentro de um táxi (risos). Depois do show, em 1988, eu acho (é provável que tenha sido em 1989, quando a banda veio ao Brasil). É uma boa lembrança. As coisas não ficam muito melhor do que isso, né?
Quem você acha que são os fãs do Motörhead hoje?
São as pessoas que gostam do Motörhead (risos). Mas tem algo que é inacreditável: pessoas de 16 anos indo aos nossos shows. É fantástico, porque a cultura está passando para a frente. (Nesse momento, Lemmy começa a tossir e pede desculpas).
Você devia dar um jeito de parar de fumar.
Não, foi a cerveja que entrou pelo buraco errado (risos).
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Que tipo de conselho você daria a uma banda que está começando?
Não dê ouvidos a ninguém. Não ouça críticas e condenações, faça o que você tiver na cabeça. Não esmoreça, mantenha-se sempre firme. Essas são as suas armas, dê valor a elas.
Para muita gente, esse vai ser o grande show de suas vidas. Qual foi o show da sua vida?
Provavelmente os Beatles. Eu os vi no Cavern Club em 1961, 1962, 1963, não sei. Vi algumas vezes antes de eles lançaram seu primeiro disco. Foi fantástico, mudou tudo, mudou o mundo. É incrível dizer isso agora, mas, se você estivesse lá, ia saber do que estou falando. Não tinha nem cerveja, todo mundo era menor de idade! Os clubes não tinham cerveja, a gente bebia Coca e água e assistia aos Beatles.
Veja a provável setlist do show:
1. Shoot You in the Back
2. Damage Case
3. Stay Clean
4. Metropolis
5. Over the Top
6. Guitar Solo
7. Suicide
8. Rock It
9. The Chase Is Better Than the Catch
10. Do You Believe
11. Lost Woman Blues
12. Doctor Rock (com solo de bateria)
13. Just 'Cos You Got the Power
14. Going to Brazil
15. Ace of Spades Bis
16. Overkill