Existe um conceito que move (quase) tudo na televisão. Todos os artistas, apresentadores, showmen e os bilhões de verba vão para um lado ou para outro baseados nos números dele: o Ibope. Mas como funciona a guerra pela audiência?
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Para começar, Ibope é uma sigla que significa Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. É uma empresa privada que trabalha com medições e dados que vão de pesquisas de marcas a intenção de voto, passando, claro, por audiência de programas de televisão - não é à toa que a sigla acabou virando até verbete de dicionário.
Mas como o Ibope consegue os dados de audiência?
Funciona de duas maneiras. Uma delas são pesquisas por escrito, feitas sob demanda - funcionários da empresa vão até a casa de um determinado número de pessoas, em uma área previamente escolhida, e entregam questionários. Neles, as pessoas anotam a cada 15 minutos o que estavam assistindo.
A maneira mais conhecida, no entanto, é através do DIB. DIB é um aparelhinho que é conectado à TV e identifica o canal que está sendo assistido. Em 2012, havia cerca de 4 mil desses aparelhos instalados no Brasil - 750 eram na Grande São Paulo, e o resto estava espalhado em outras oito regiões, incluindo a Grande Porto Alegre.
Com esse DIB instalado na TV, a pessoa dá informações básicas todas as vezes em que vai assistir algum programa: qual dos membros da família ela é, quantas pessoas estão com ela, quais são os gêneros das pessoas assistindo, qual é a faixa etária etc. A partir daí, o Ibope envia relatórios a cada minuto para os assinantes. Esses assinantes são empresas, principalmente os próprios canais de TV - não, eu e você não podemos ligar para o Ibope e assinar os seus serviços.
E quanto vale um ponto no Ibope?
Um ponto no Ibope equivale a um ponto percentual de todos os televisores daquela região. Se um programa tem um ponto de audiência no Ibope no Brasil inteiro, significa que 1% de todos os aparelhos de TV do Brasil estava ligado naquele programa durante aquele horário. Em Porto Alegre, um ponto no Ibope equivale a 14.375 domicílios. Em São Paulo, esse número cresce para 58.235 lares.
Essa é a medição mais conhecida, mas há outras duas medições importantes: uma é a audiência individual, que mede o número de pessoas assistindo a determinado programa (em Porto Alegre, um ponto equivale a 38.306 pessoas, e esse dado é informado naquele pequeno questionário respondido por aqueles que tem o DIB instalado). A outra é o share, usado muito pelos executivos da TV, que exclui da conta os televisores desligados. Ou seja: entre as pessoas que estão assistindo TV neste momento, quantos estão me assistindo?
E por que eu nunca conheci ninguém que tenha um aparelho do Ibope em casa?
Primeiro, porque são poucas pessoas. Como em toda pesquisa, essa é feita por amostragem. De acordo com o Ibope, a escolha das pessoas que terão o DIB leva em conta um levantamento socioeconômico com estatísticas sociais, demográficas e econômicas que representem a população. Outro ponto importante: "a composição do painel é sigiliosa", diz o Ibope em seu site. Para "manter a imparcialidade dos dados", diz o instituto, "o correto é mesmo que não se conheça quem são as pessoas que possuem peoplemeter (o aparelho medidor) em suas casas".