A novela Babilônia, da Globo, estreou sendo alvo de críticas. Já nos primeiros capítulos, o folhetim despejou no público litros de veneno de duas vilãs despudoradas, gente corrupta e crimes sem castigo _ uma dose de realidade que fez o público do sofá, afeito à fantasia, engasgar. Como se não bastasse, a trama de Gilberto Braga brindou o público com um icônico beijo lésbico das personagens das veteranas Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, logo no primeiro capítulo.
Os telespectadores mais conservadores detestaram e a bancada evangélica no congresso reagiu contra a atração _ mas, com o passar dos dias, a má impressão inicial sobre o núcleo central dos personagens arrefeceu. Com uma exceção: a mocinha Regina, vivida por Camila Pitanga. Curiosamente, a heroína pobre e extremamente honesta não caiu nas graças do público. Ao contrário. Nas redes sociais, chovem críticas à personagem.
No primeiro capítulo da trama, Regina foi apresentada como uma mocinha trabalhadora que precisa adiar seus planos de futuro melhor após se descobrir grávida pelo namorado pilantra. Aparentemente, a maternidade fez dela uma mulher amarga, pois, após uma passagem de tempo, ela se apresenta constantemente com cara amarrada, irritada e pronta para a briga.
Apesar de, em geral, ter a razão e a verdade ao seu lado, a personagem não consegue despertar simpatia nem mesmo ao reivindicar justiça pelo pai assassinado pela vilã, e por sustentar a família toda.
Por carecer de carisma, por enquanto, a mocinha honesta e "mala" vai carimbando o passaporte para o hall da infâmia das mocinhas das novelas da Globo. Lembre de algumas que já estão por lá.
1) Maria Eduarda, de "Por Amor" (1997)
A mimada mocinha é das personagens mais marcantes da carreira de Gabriela Duarte até hoje. Maria Eduarda, uma jovem recatada, voluntariosa e ciumenta, seria o contraponto perfeito para a liberal antagonista, vivida por Viviane Pasmanter. O público detestava tanto a moça que houve protestos quando Helena (Regina Duarte) trocou seu próprio bebê pelo neto morto da filha. Afinal, que tipo de mãe Eduarda seria?
2) Morena, de"Salve Jorge" (2012)
A ideia era que fosse uma "mocinha batalhadora" do morro, mas a realidade fez da personagem de Nanda Costa uma mulher briguenta e impulsiva, fez uma sucessão de más escolhas e acaba vítima do tráfico de mulheres, escravizada na Turquia. Depois de muito sofrimento, consegue fugir e retornar ao Brasil _ mas decide voltar ao cativeiro para se vingar. Não deu pra torcer por ela.
3) Sol, de "América" (2005)
Obcecada por viver o sonho americano, Sol (Deborah Secco) fez todos os tipos de asneiras para se mudar para os Estados Unidos. Pagou uma fortuna para entrar no país clandestinamente, atravessou um rio, atravessou desertos, escondeu-se em painel de carro, foi presa, fugiu da cadeia e decidiu se casar com um americano tonto para poder permanecer no país _ mesmo amando o peão Tião (Murilo Benício). Passou a novela toda chorando e com cara de sofrimento.
4) Diana, de "Passione" (2010)
Sempre sofredora, a jornalista vivida por Carolina Dieckmann era uma certinha e sabe-tudo dividida entre o amor de Mauro (Rodrigo Lombardi) e Gerson (Marcello Antony). Era tão chata e dona da verdade que não resistiu à rejeição do público: morreu antes da reta final da novela.
5) Helena, de "Viver a Vida" (2009)
A história de superação de outra personagem (Luciana, vivida por Alinne Moraes, que fica tetraplégica) foi o prego final no caixão da personagem. A falta de personalidade e a atuação fraca de Taís Araújo fez a protagonista parecer coadjuvante.
6) Paloma, de "Amor à Vida" (2014)
A personagem de Paolla Oliveira foi apelidada de "Pamonha", com muita propriedade. A médica era extremamente ingênua e inconsequente _ a ponto de se apaixonar e fugir com um desconhecido e não perceber que seu maior inimigo era o irmão, Félix.