O mundo das séries de TV, desta nova era do que era televisão e não é mais, porque já é outra espécie de animal, atingiu o seu cume com o episódio final de Wolf Hall, mais uma brilhante criação da boa e velha BBC. Idade, para alguns, é um ganho.
Li o romance de Hilary Mantel de joelhos, metaforicamente falando. Wolf Hall me fez recuperar um teco da fé no bom e velho romance e ainda me fez agradecer a William Shakespeare por ter inventado o inglês moderno. O segundo livro da trilogia, Bring Up the Bodies, não ficou um milímetro atrás, e ainda estamos aguardando o terceiro, que deve ser neste anno domini de 2015.
Wolf Hall, a série, conseguiu o milagre de ser tão boa quanto o romance, sem ser outra coisa que não uma série. Um filme jamais daria conta do livro. Foram necessárias seis horas de episódios escritos com alguma caneta de diamante, metaforicamente falando - o século 16 me deixa metafórico, fazer o quê? - para solucionar luxuosamente os dramas e encantos de Thomas Cromwell, o homem certo, na hora certa, para tornar possível a Inglaterra Tudor e o que veio depois.
A História é a melhor fonte de boa literatura, ou pode ser, se a gente ao menos se der ao trabalho de conhecê-la. No Brasil, a gente faz de conta que não sabe, e a nossa narrativa perde horrores com isso.
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Já os ingleses e a BBC perceberam a joia da coroa que têm nas mãos e começaram, de forma intensa e culta, a explorar as suas possibilidades. Wolf Hall deve ser apenas o começo de uma nova era shakespeariana na Inglaterra, desta vez na frente de telas de LED, e não no distinto The Globe.
O Everest tem 8.848 metros de altura e não passa disso. A nova TV segue subindo e subindo, e ninguém faz ideia de onde isso tudo ainda vai chegar. Sorte a nossa.