Romy Pocztaruk gira o mundo atrás de imagens para seus trabalhos em fotografia e vídeo. Percorrendo geografias distantes, ela também começa a circular por um mundo bem menor, mas que pode levá-la longe: o circuito de exposições, galerias e feiras. Reconhecida por curadores, instituições e museus como um dos destaques da nova geração brasileira e com suas obras cada vez mais valorizadas no mercado, a artista será a única gaúcha a participar da 31ª Bienal de São Paulo.
A mostra internacional, que começa dia 6, é uma das mais prestigiosas do mundo, garantia de projeção global para os restritos participantes. Porto-alegrense de 31 anos, Romy foi selecionada por seus projetos que envolvem grandes deslocamentos, como comenta Luiza Proença, curadora-associada da 31ª Bienal de São Paulo:
- A ideia de jornada é um dos interesses da Bienal. E a produção da Romy tem esse espírito, com obras realizadas em viagens pelo mundo.
O convite chegou a Romy na sequência de dois anos cheios, com projetos, exposições e participação na 9º Bienal do Mercosul. Ela inaugura uma individual nesta terça-feira (19/9) no Santander Cultural, com abertura ao público na quarta-feira, e outra em 25 de setembro na SIM Galeria, em Curitiba.
- A Bienal dará uma visibilidade que talvez eu nem saiba. Mas, embora as instituições sejam importantes, inclusive para financiar nossos projetos, o artista tem que trabalhar sem ficar esperando ser descoberto - diz Romy.
Em termos de mercado, o nome da artista vem ganhando força. Além da Galeria Gestual, em Porto Alegre, é representada no país pela SIM Galeria. Suas obras já integram coleções particulares, além dos acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS). Para Guilherme Simões de Assis, diretor da SIM Galeria, a carreira dela está "em ebulição":
- O trabalho da Romy tem ampla aceitação e tem sido incluído em importantes mostras nacionais e internacionais. Devemos ficar atentos aos seus próximos movimentos.
Romy começou sua trajetória há pouco mais de 10 anos, nos cursos de Artes Visuais da UFRGS, onde também fez mestrado, e de Design da Ulbra. Vem criando trabalhos de caráter nômade que a levam a cruzar continentes por terra, água e ar. Explorando lugares esquecidos e ruínas urbanas, ela mistura suas ficções à história desses contextos específicos:
- O que me motiva é uma ideia de aventura, meio Julio Verne. Planejo uma expedição em busca de imagens, sem saber o que vai acontecer.
Na exposição Feira de Ciências, no Santander, Romy mostra um pouco de sua produção com fotos e vídeos que embaralham os campos da ciência e da arte. Muitas das imagens foram registradas na China. O curador da mostra, o carioca Guilherme Bueno, comenta que o que marca a diferença no trabalho de Romy é a apropriação de imagens para insinuar outras narrativas:
- Ela fotografa um museu de história natural e recoloca as imagens como arte, inventando ficções.
A israelense Galit Eilat, uma das principais curadoras da 31ª Bienal de São Paulo, complementa:
- Ela usa a fotografia com uma linguagem visual muito poderosa. Quando ela edita as fotos e escolhe qual imagem vai com a outra, cria uma sintaxe na linguagem com que está trabalhando. Isso é um ponto forte em seu trabalho. Ou seja, a maneira com que edita e quais imagens escolhe.
Para Romy, seu processo é sempre um experimento:
- Coloco uma imagem perto da outra e vejo o que acontece.
ARTISTA EM AFIRMAÇÃO
Aos 31 anos, Romy Pocztaruk tem um currículo já de peso e o reconhecimento do circuito artístico:
> Já participou de exposições no Brasil e em cidades como Paris, Buenos Aires, Berlim e Amsterdã.
> Nos últimos dois anos, apresentou individuais em São Paulo (Galeria Ímpar) e em Porto Alegre (Instituto Goethe e Galeria Gestual). Nesta terça (19/8), inaugura uma no Santander Cultural e, em setembro, na SIM Galeria, em Curitiba.
> Foi uma dos 10 artistas do Estado selecionados para a 9ª Bienal do Mercosul, em 2013. É a única gaúcha entre os brasileiros convidados para a 31º Bienal de São Paulo, em setembro.
> De 20 a 24 de agosto, participa da importante SP-Arte/Foto e, em outubro, vai à Bahia para uma residência pelo Instituto Sacatar.
> Seus projetos envolvem grandes viagens, financiadas em grande parte por editais e residências de instituições. Ela já foi selecionada pela Bolsa Iberê Camargo e pelo Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural, dois reputados prêmios do país.
> Em suas residências, já passou temporadas de trabalho em países como Alemanha, EUA, Inglaterra e China, além da Amazônia.
> Nesses destinos, explorou ruínas urbanas, locais abandonados e pontos de difícil acesso. Investigando vestígios do passado e "utopias fracassadas", cria trabalhos em vídeo e fotografia em que mistura história e ficção.
FEIRA DE CIÊNCIAS
> Mostra de Romy Pocztaruk, com curadoria de Guilherme Bueno, apresenta uma provocação sobre como a arte, por meio da fotografia, e a ciência, pelos seus métodos, ilude quem os vê.
> Santander Cultural (Sete de Setembro, 1.028), fone: (51) 3287-5500. Abertura nesta quarta (19/8, somente para convidados). De terça a sábado, das 10h às 19h, e domingos e feriados, das 13h às 19h. Até 28/9.