Aconteceu comigo no domingo da semana passada, quando alguém postou um spoiler de proporções bíblicas sobre o episódio de Game of Thrones que eu ainda não tinha visto. O que você faria, estimado leitor?
Fiz o que se espera de todo brasileiro e desamiguei o sujeito, mas quem me dá de volta a emoção perdida? Como disse Tom Waits, "You cant unring a bell, sucker". Depois que foi, foi. Os seriados e a internet criaram esse problema. Antigamente, as pessoas viam algo quando passava na TV ou no cinema e fim, babaus. Hoje, algo passa, a gente grava. Se não grava, dá um jeito, mas vê.
Portanto, alguns veem quando passa. Outros, a maioria, veem quando der, puder ou quiser. O spoiler é a maior ameaça a esse novo mundo, porque eu posso ver quando quiser, mas não posso sentir a mesma coisa que sentiria ao descobrir, se alguém vai lá e remove a surpresa. O spoiler é a Inquisição dos nossos tempos, roubando o barato de se estar vivo e nessa época, por conta do medo constante de olhar para algum lado e pimba, spoilearem nossa brincadeira. Quem spoileia o faz por sadismo. Não ganha absolutamente nada, em reais ao menos, e destrói a vida de milhares.
De qualquer maneira, Game of Thrones está de volta, com tudo o que promete, e, normalmente, entrega. Era sexo, agora é violência e crueldade. A série, no fundo, é puritana. O que impressiona é o equilíbrio entre as várias histórias, em intensidade e colorido.
A coisa ainda está por começar, e por isso mesmo essa minha proposta: coloquemos os spoileristas em delegacias de polícia, tais quais membros das torcidas organizadas que destroem o futebol, de onde eles só saem no final, quando não puderem mais causar estragos. Fica a dica.