Claudia Tajes vive um novo recomeço. Autora de livros consagrados pelo público, como A Vida Sexual da Mulher Feia, a gaúcha mira novos voos. Segue escrevendo, mas cada vez mais para a TV. Ela, que em um momento precisou se dividir entre a publicidade e a literatura, agora partilha seu tempo entre roteiros e livros.
Mais uma de suas obras chega à televisão: estreia nesta segunda-feira, dia 28, a adaptação de Por Isso Eu Sou Vingativa, no Multishow. Nesta produção, estrelada por Camila Morgado, Claudia não chegou a colocar a mão na massa - apenas leu os roteiros. Mas Claudia, que hoje é roteirista contratada da Rede Globo, contabiliza um currículo cada vez mais relevante na TV.
No domingo passado, foi exibido o último episódio de A Mulher da Sua Vida, quadro estrelado por Marcelo Serrado no Fantástico e assinado em parceria com autores como Mauro Wilson (de A Grande Família). Antes, Claudia já havia escrito textos para A História do Amor, outro quadro do programa, e para as séries Antônia, As Cariocas (ambas da Globo), Mandrake e Mulher de Fases (da HBO). E tem vários planos em mente - alguns deles já apresentados e aprovados pela emissora.
Claudia foi escolhida junto com outros 19 autores globais para participar de um curso com José Carvalho, roteirista de Faroeste Caboclo e Bruna Surfistinha. Uma vez por semana, ela vai ao Rio para assistir às aulas no Projac. E confessa estar viciada em roteiros:
- Agora, tudo faz sentido. Já não consigo mais ir no cinema ou ver TV e ser apenas uma espectadora. Quem está comigo reclama. Mudou meu jeito de ver, não só os roteiros, mas a vida. Às vezes, estou lá, pensando num drama, aí paro e digo: "Peraí, isso é um drama barato, não daria um roteiro".
Um dos textos aprovados é a série Adultério, apadrinhada pelo diretor de núcleo Marcos Schechtman.
- Era um texto bem mais literário, não um roteiro. Então, estou deixando com cara de TV. A série é de humor, sobre uma mulher que, de tanto trair e ser traída, resolveu montar uma agência de investigação de adultério. É um projeto que pode ter mais de uma temporada, mas ainda não tem previsão de quando irá ao ar - afirma.
Claudia credita sua iniciação televisa a um convite do cineasta Jorge Furtado, que a chamou para escrever para a série Antônia, em 2006:
- Até ali, nunca tinha feito nada. Por causa dos meus livros e do meu jeito coloquial de escrever, que se parece muito com o texto de TV, ele me chamou. Depois, nunca mais parou.
Na Globo, as oportunidades não são apenas nos canais abertos. Os autores podem apresentar projetos para os canais Globosat e para o portal GShow - o site é a aposta da emissora para competir com produções feitas para a internet e canais on demand. E Claudia tem várias propostas na fila.
- Estou começando uma nova etapa, do zero. Quero fazer uma coisa legal e que as pessoas gostem - explica.
Entre os inúmeros projetos, dois são com o irmão, Duda Tajes, e outro é uma parceria com o escritor Fabrício Carpinejar - Terapia Poética já está aprovada e tem um piloto.
NOVOS PROJETOS AFINADOS COM HUMOR
O traço de Claudia na literatura é o humor. E essa pegada segue na TV.
- Por enquanto, não consigo escrever outra coisa. Parece que o humor não te torna um autor respeitável. A crítica não respeita, mas o público não está nem aí, ele gosta - diz ela.
Novelas não estão fora dos planos, mas o caminho é difícil - ela chegou a participar de um projeto que acabou engavetado. Hoje, mira ainda em outras plataformas:
- Tenho um projeto ambicioso para o cinema, que não tem nada de humor.
Claudia vê nas séries um campo promissor. E o bom momento do mercado vem a somar.
- Capacidade de produção o mercado do país tem, mas falta roteiro. A gente ainda escreve sem técnica. Fiquei muito chata com isso, fico analisando tudo. Que pode ter um lado ruim também. Posso saber a receita, e, ainda assim, não ter aquela grande ideia.