Sou de um tempo em que homem era homem, mulher era mulher, e gays eram gays. Nem todos foram felizes para sempre, mas o mundo girava, nítido e funcional. Agora não. Artistas como Perfume Genius e Conchita Wurst embaralham o ambíguo tabuleiro sexual contemporâneo, misturando gêneros e disseminando confusões. Esqueça Boy George e Antony Hegarty (se você nunca ouviu Antony Hegarty, não sabe o que está perdendo!). A androginia desses dois cantores parece coisa de um passado ultrapassado. Conchita Wurst, símbolo da nova onda, nasceu homem, adotou esse nome estranho - referência aos órgãos sexuais feminino e masculino, é uma linda mulher barbada, tem uma voz incrível e, soube pelo jornal, faz questão de manter a barba rala, ser homem e mulher ao mesmo tempo. "Nosso futuro é imprevisão", como diria o Duca Leindecker.
Coluna
Luciano Alabarse: No embalo das polêmicas
Escrever críticas, sabemos, é flertar com o fio da navalha. Há que conjugar análise técnica com capacidade de verbalizar emoções